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sexta-feira, 20 de abril de 2012



Encontro no 3.º degrau

JAIME E AVELINO JUNTOS NO PARLAMENTO






Os frequentadores da zona do Apolo espantaram-se ao fim da tarde, nesta sexta-feira, quando viram aquela dupla de peso despontar da Avenida Arriaga para enfiar pelas traseiras do Café Funchal, ou seja, pela Rua da Sé além, numa simulação claramente destinada a tirar da jogada línguas viperinas que só dizem mal de tudo, faça chuva ou bom tempo.
As duas personalidades conhecidas da praça vinham a ser nem mais nem menos do que Jaime Ramos, fogoso líder parlamentar e secretário-geral do PSD-Madeira, presidente da ASSICOM, líder espiritual e material do União, presidente de.... Bom, eram Jaime Ramos e o conhecido empresário Avelino Farinha, patrão da AFA e neste momento patrão também do governo regional, já que, depois das adjudicações que conseguiu da Madeira Nova, acabou por emprestar dinheiro para as loucuras do rei das Angústias - e tem tudo por receber.
Não percebemos o interesse histérico dos polidores de café pela passagem do curto mas imponente cortejo. Eram precisamente 18h54 quando os dois cidadãos passavam naquela geringonça que puseram na esquina exterior do adro da Sé para entregar, de borla, exemplares do Jornal da Madeira de manhã cedo e de hora a hora, como as missas. De borla, vamos indo, porque a brincadeira custa-nos 11 mil euros por dia a todos.
Não nos desviemos do assunto. O espavento por causa da cena referida subiu de tom quando, desparecidos já os imprevistos visitantes, chegaram à nossa mesa mais pormenores do 'caso'. Jaime e Avelino tinham descido a Rua dos Capelistas e entrado no patamar que liga duas artérias importantes, Alfândega e Avenida do Mar. Jaime e Avelino guinaram então para a porta das traseiras da Assembleia, com o político a gesticular enfadado por causa de um funcionário parlamentar que resolveu seguir-lhe o passo certamente para fazer um pedido.

Os dois tubarões das profundas águas da Madeira Nova estiveram neste patamar que liga a Rua da Alfândega à Avenida antes de entrarem no Parlamento.


Lá entraram ambos os tubarões da Madeira Nova parlamento dentro. O relógio da Sé marcava 18h58.
Evidentemente que as especulações cruzaram os ares da zona das esplanadas em todas as direcções, sobre o que estariam a tratar os dois no gabinete parlamentar de Jaime Ramos - até já sabiam onde estavam sentados ambos. Não posso reproduzir aqui o conteúdo daqueles palpites e conjecturas, para evitar processos por difamação. Mas garanto que, da minha parte, tentei deitar água na fervura. Aventei que aquilo era o Avelino Farinha a querer impingir uns jogadores angolanos ao União, se é que não era Jaime Ramos a tentar enfiar no Estrela da Calheta duas ou três vedetas que gostaria de ver o União dispensar. Esta nossa amizade mais ou menos encapotada com Jaime e Avelino Farinha valeu-nos quase uma vaia da parte dos amigos da onça ali presentes.

Troca de cromos em cima da mesa

Então, virámos o disco e admitimos algum interesse empresarial na importante cimeira, talvez o apoio de Farinha às empresas filiadas na ASSICOM atravessando dificuldades e que bem poderiam ir deitar alcatrão no sul de Angola, seguindo o exemplo do próprio Avelino e o dos trabalhadores que estão a pedir carta internacional no ACP, a fim de irem trabalhar para lá.
Falhámos a segunda volta da baralhada filosofia, e todos voltaram aos mais arrepiantes prognósticos e suspeitas, conspurcando a praça com o veneno da sua imaginação doentia.
- Que é que vossas excelências têm com um encontro inocente entre dois amigos que por acaso são empresários?
Sete vozes gritaram-nos ao mesmo tempo:
- Na Assembleia?!
Levantei-me, despedi-me e desci, anunciando passeata ao aterro, pouco usual a hora vespertina. Caminhei devagar, criticando interiormente aqueles amigos da vida alheia que não têm assunto próprio para preencher a vida.
Continuei a descer, mas não consegui vislumbrar nem ao menos os vultos de Jaime e Avelino, lá para dentro, no 3.º piso da Assembleia. Ainda fiquei um bocado de atalaia sentado no muro da Avenida, mas não cheguei a vê-los sair. Tinha de me raspar porque chegava a hora de ver o telejornal e o rei, com aquelas inaugurações de veredas, impasses e tabuletas.
Onde raio terão ido jantar Avelino e Jaime?!

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