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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Madeira ao Vivo

LARANJAL PRATICA CUMPLICIDADES MAS PROCESSA QUEM FALA NISSO


Desfile de inquiridos continua na GNR











Demorou mais do que o habitual, mas aí está o anúncio do processo judicial contra o 'Diário de Notícias'. Cinco dias de 'Cuba Livre' sem parar causaram fatalmente o seu efeito nos ares da Quinta das Angústias, de onde acaba de ser lançada cruel ameaça de acção em tribunal para punir o jornal que falou de "cumplicidades entre governo regional e empreiteiros".


Demorou 5 dias a sair o comunicado a falar do processo, mas o impacto mostra que valeu a pena. Será de regalar a procissão de elementos do DN a sentar-se no banco dos réus, desde o proprietário do jornal, Michael Blandy, ao director Ricardo Oliveira e aos cavalheiros que resolveram escrever títulos referindo "cumplicidades entre governo e empreiteiros" e "membros do governo ouvidos todo o dia".
Aquilo, sr. rei das Angústias, cheira-me a títulos do Miguel Silva, ou então do Agostinho Silva. E não me admiraria nada se houvesse ali palpite, por e-mail ou sms, do vingativo Sócrates ou mesmo, quem sabe, do sabido Vítor Gaspar. O avental pode muito.
Começando pela segunda insinuação, digamos que ela cai pela base, já que nenhum membro do governo está treinado para funcionar mais de duas, no máximo três horas seguidas, e mesmo assim para tratar de banalidades, porque nada têm de sério para governar.
...Quanto mais serem "ouvidos todo o dia"!
Já quanto ao título que fala de "cumplicidades", o caso merece uma observação mais cuidada.
Sua excelência vitupera, com recurso a tribunal, a denúncia dessas práticas de cumplicidade. E não é despiciendo notar que o comunicado saiu das Angústias poucas horas depois da saída do JM de hoje, cujos bonecos, da autoria do mesmo sua excelência, confessam comportamentos afins.
Reproduzamos o número de hoje dos blasfemos bonecos 'boca pequena' para que acreditem no que dizemos - aliás não estamos aqui para enganar ninguém.




O texto da 'charge' surge claro, ao contrário das habituais salsadas próprias da senilidade. Hoje, sua excelência confessa ter sido cúmplice do pessoal da Guarda Fiscal que, quando da extinção da corporação, pretendia permanecer no Funchal. O rei teve de se esforçar, na altura: "Jardim conseguiu...", diz ele de si próprio.
E sua excelência complementa o raciocínio lamentando: "Agora, é bem feito!"
O que é que é bem feito? Óbvio: quem foi cúmplice há tempos esperava cumplicidade agora, como contrapartida. Ou seja: no entender do Único Importante, o pessoal da GF integrado na GNR e que continua cá porque sua excelência moveu as suas influências só tinha de pagar o favor boicotando estas investigações que o agitador DCIAP veio cá desenvolver.
Que podiam fazer os homens da antiga GF para contrariar este processo? Por exemplo, dizer o seguinte aos investigadores do DCIAP: Ei, aqui ninguém investiga nada, nem faz cruzamentos de dados nenhuns, nem interroga ninguém! Então sua excelência evitou-nos a transferência para Freixo de Espada à Cinta ou Ponte de Sôr e a gente agora iria permitir uma coisa destas?
Se os GNRs a soldo da 'Cuba Livre' mostrassem os coletes à prova de bala e as metralhadoras, os antigos GF têm pedras do calhau bem próximo, graças a Deus, para o que desse e viesse.
Mas nada. Assistiram a esta justiça-espectáculo, como diz o divertido bastonário dos advogados, e ficaram de braços cruzados.
Ingratos. O barão das Angústias foi cúmplice com eles e eles recusaram pagar cumplicidade com cumplicidade. Não é justo.


Jardim divide o DN para reinar

Perante um cenário negro destes, e bem escaldado como está, chefe das Angústias decide cortar a direito e começa por espetar mais um processo no DN. Com uma diferença em relação aos processos anteriores. Cínica e propositadamente, porque o adversário é de respeito, chefe Jardim procede com requinte. Deixa fora das acusações o gerente executivo José Câmara, para conseguir dois objectivos de uma só cajadada: aborrecer o próprio Câmara, porque é conhecida a tradicional azia dos excluídos dos processos jardinistas anti-Diário; deixar no ar a dúvida na redacção do jornal: será que o Zé Câmara se passou para o outro lado?
Ninguém acredita nesta última versão, mas a omissão do gerente executivo, bem como do chefe da arte e do director comercial, dá sempre murmúrios e uma ida ao 'Fofinho' para um café-desabafo. Nem que seja nisso, há uma vitoriazinha do rei lá de cima.


Inquirições ocupam esta sexta-feira com gente conhecida


Sede da GNR: esta noite não pregámos olho, a tentar perceber o porquê da escolha contrária aos desejos do eleito do povo madeirense. Vá lá que não fosse a PJ. Mas o parlamento era capaz de investigar as contas, e com isenção insuspeita.


Enquanto a presidência trabalhava com afinco na produção do comunicado com a notícia do processo, figuras conhecidas do regime desfilavam diante dos investigadores do DCIAP e da GNR. Foi Avelino Farinha, da AFA, foi Carlos Estudante, director de Estatística, e Ricardo Reis, antigo chefe de gabinete de Santos Costa. Ontem, haviam passado por lá Paulo Sousa, da SDPO, Rui Gonçalves, director de Finanças, e José Manuel Ferreira, ex-director de Estradas.
Ao que soubemos, as investigações destinavam-se a catar as malucas contas da Madeira e a dívida oculta. Mas os dados recolhidos parece terem sugerido a existência de uns ajustes directos, uns trabalhos e custos a mais, falta de transparência numas relações entre parceiros públicos e privados, enfim, anomalias que merecem aprofundamento de análise. Tudo isso somado às pulgas que se alojaram atrás das orelhas dos investigadores que têm vindo cá outras vezes, sem muito ruído, aqueles que já conhecem a AFA, a Tâmega e a Tecnovia Madeira, tudo isso será esmiuçado pelo DCIAP, no recato dos gabinetes em Lisboa.

Ávidos por detenções e constituição de arguidos

Como é natural, as pessoas estavam ávidas por detenções e nomes constituídos arguidos. Mas o MP não prende ninguém, pode é propor essas decisões aos juízes. E só se as suas diligências reunirem elementos que as justifiquem. No caso em apreço, ainda não se chegou a esse ponto nem se sabe se algum dia se chegará.
Suspeita não é prova. O que não invalida o desejo geral: que alguém ponha termo ao sistema corrupto que se encrustou à Madeira no tempo em que os animais falavam.


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