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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Politicando

OS MESMOS ACTORES, O MESMO FILME




Porto 1982
Porto 2012

























Passados 30 anos, a história repete-se: polícia de choque à bordoada sobre cidadãos portugueses que nem sequer são criminosos nem nada. Em Abril de 1982, Ângelo Correia era ministro da Administração Interna da sinistra AD, o primeiro governo de direita depois do 25 de Abril de 1974. Nessa qualidade, o homem ordenou carga policial sobre os manifestantes que a 30 de Abril desse 1982 festejavam na Praça da Liberdade do Porto um dia especial que estava para despontar, o 1.º de Maio.


Foi o dia dos trabalhadores mais sangrento desta hipótese de lusa democracia. A polícia de choque, recém-chegada da capital, montou um descomunal aparato repressivo na Praça da Liberdade, fazendo jus ao nome, e, à ordem de Lisboa, caiu sobre quem estava mais à mão. Além dos feridos graves e das muitas prisões, dois trabalhadores caíram varados pelas balas dos esbirros - um dirigente sindical e um vendedor ambulante sem responsabilidades na organização da jornada que se queria de festa popular.
Ao tempo desse governo, com o social-democrata Pinto Balsemão à cabeça, Ângelo Correia tornara-se conhecido por denunciar intentonas, como a célebre 'revolução dos pregos', a fim de reunir pretextos úteis ao uso da força e ostentação de um poder do governo que afinal era inexistente, como se veria depois. Isso dos pregos deu-se quando, na greve geral de Fevereiro de 1982, que antecedeu a 'guerra' do 1.º de Maio, o então ministro concluiu que havia uma insurreição armada na forja, porque fora encontrada uma caixa de pregos que visava dar início a uma vaga de pneus furados.

O laranjal, bem representado 
por Ângelo Correia, sempre
gostou de matar saudades das cargas
policiais à moda da
'velha senhora'.
Passados exactamente 30 anos, este caricato Ângelo Correia foi promovido a primeiro-ministro de Portugal 'de facto', contando com uma equipa de luxo que inclui um vice-primeiro-ministro truculento como Miguel Relvas e um porta-voz meigo, capaz de convencer o mais hostil dos adversários, e que dá pelo nome de Pedro Passos Coelho.
Pois eis a segunda vaga Ângelo Correia empenhada em mostrar força governamental, por coincidência outra vez no Porto - desta vez a propósito de ser 'preciso' desamparar a Escola da Fontinha de uns tais 'okupas' que não faziam mal a uma mosca e apenas pretendiam levar a cabo um projecto de cariz social. Mas quem mandou acelerar sobre os ocupantes foi o Rui Rio da câmara - dir-nos-ão. Pois, mas evidentemente que o edil tripeiro só se lembrou de tal saída porque inspirado nas 'costas largas' que tem a bafejá-lo de Lisboa para cima.

A história repete-se. Bem feito para os eleitores. O que é extensivo à Madeira. O rei das ilhas, que se regozijou publicamente no congresso PSD com a recente pancada distribuída pela polícia em Lisboa, sem poupar repórteres estrangeiros, o rei deve estar a rebolar-se de satisfação. Até porque, quando há sarilho, anda sempre longe dos acontecimentos.

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