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terça-feira, 19 de junho de 2012

Madeira ao Vivo




MANUEL ANTÓNIO CORREIA FOI À 'CASA DE LOUCOS': A REBOQUE DE ALBUQUERQUE, FACADA NAS COSTAS DO CHEFE OU INICIATIVA PESSOAL DE FUNDO


O governante apareceu inesperadamente no plenário na sequência do Pacto da Oposição; mas outros factores podem também tê-lo incentivado à mudança de atitude...





Miguel Albuquerque
Manuel António
    



















Surpreendentemente, o secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais compareceu na manhã desta terça-feira no plenário parlamentar. Tratava-se de discutir um diploma sobre actividade pecuária e sua adaptação à Madeira. Os deputados admiraram-se com a comparência de Manuel António Correia, já que, até agora, nem presidente do executivo nem secretários costumavam enfrentar o parlamento, postura assumida a coberto da teoria do chefe Jardim de que o governo regional não deve 'baixar-se' ao nível 'daquela casa de loucos'.

O ambiente dentro do edifício da Assembleia e fora dele animou-se, com deputados e observadores a trocar alvitres sobre os motivos do assomo de humildade revelado pelo secretário que há semanas se anunciou candidato à liderança do PSD-Madeira.
Falou-se na hipótese de uma cedência do executivo à oposição unida no 'Pacto Democrático' assinado recentemente para, entre outras medidas, pugnar pelo normal funcionamento da Assembleia. O que impõe o respeito do governo por aquela casa.
Objectivamente, a oposição avisou que abandonaria o plenário sempre que um diploma do governo subisse a debate sem a presença do secretário da respectiva área.

De facto, Manuel António afirmou na manhã desta terça-feira que tudo fará para normalizar as relações entre governo e parlamento.
Trata-se, assim, de uma primeira vitória da unanimidade dos partidos da oposição reunida no referido Pacto.


A inesperada presença de um governante no plenário foi motivo de todas as conversas na manhã de hoje, como presumivelmente esta entre os líderes João Isidoro, do MPT, e Victor Freitas, do PS.


Mas não se pode deixar de alargar a contextualização da novel atitude do governante. Sábado passado, outro candidato assumido à liderança do PSD-M, Miguel Albuquerque, afirmou em entrevista ao 'Expresso' aquilo que passamos a citar e vale a pena recordar:
"A Assembleia Legislativa Regional - palavras textuais do candidato e presidente da Câmara da capital - está a funcionar mal. É fundamental dignificar o órgão base da autonomia. Uma das questões essenciais é o próprio governo prestar contas à Assembleia. Deve lá ir semanalmente ou quinzenalmente. Quando eu estive na Assembleia, o partido nunca fugia ao debate (...) No Parlamento nacional, o primeiro-ministro comparece de 15 em 15 dias. Nalguns círculos, confunde-se democracia com fraqueza. Na Câmara do Funchal, sempre dialoguei com a oposição e aceitei propostas da oposição e, ao longo de 16 anos, sempre ganhei a Câmara. Na democracia tem de haver dialéctica. A democracia enriquece-se com a pluralidade."


'Mea culpa' governamental

A entrevista com estas declarações saiu sábado, uns dias depois do Pacto da Oposição. Nesta terça, eis Manuel António Correia no parlamento com promessas soando a 'mea culpa' governamental.

À primeira, somos assaltados por uma ideia: chefe Jardim resolveu, de uma cajadada, matar dois coelhos: neutralizar a oposição nos mediáticos números de abandonar o plenário por falta de secretário nos debates; esvaziar as declarações nacionais de Miguel Albuquerque, anulando-lhe, daqui para a frente, os argumentos que apresentou aos leitores do 'Expresso'.

Nesta primeira possibilidade, temos um governo obrigado a cedências à oposição e a reboque das observações que o 'indesejável sucessor' Albuquerque anda exprimindo pela comunicação social.

Mas há uma segunda hipótese: Manuel António Correia resolveu unilateralmente e 'a solo' - até porque o seu chefe das Angústias anda de passeio lá por fora - calar as vozes hostis e harmonizar com a solidez possível o relacionamento governantes-deputados.
Então, temos mais uma situação de 'facada nas costas' de Jardim, uma vez que o chefe superior desatina com aquela 'casa de loucos' e, além disso, Manuel António, apesar de Delfim predilecto das Angústias, reconhece com o seu atrevimento que o governo falha desde sempre no respeito ao parlamento a que a lei obriga.

Pode pôr-se ainda uma terceira hipótese: Jardim está por dentro da mudança e permitiu a viragem de comportamento do secretário do Ambiente, para que ele, sem trunfos na manga e no papel de forte candidato a chefe do PSD e do governo, num futuro próximo, chame a si a tarefa de acabar com a imagem trauliteira do executivo e partido suporte.

Alguém acredita nesta terceira versão?
Nós não.

3 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Penso que o rapaz está a tentar convencer-nos de que pensa pela cabeça dele e que é independente do patrão. Algo que só os patas-rapadas do povo supetrior acredita.

jorge figueira disse...

Mudam-se os tempos mudam-se as vontades. Dizia Camões. Nestes tempos em que ninguém insistiu para que os estudos que, há anos, procuram determinar com exactidão o valor da dívida desde o Zarco terminem (tão úteis que seriam na mobilização para os anos do João)o melhor é continuar Português. A selecção até está a ganhar... e Madeirense mais mediatico, qual sol, empalidece qualquer Lua ansiosa de protagonismo.

Anónimo disse...

Ora ai está uma bela foto da oposição que temos cá na Madeira.

As pessoas deveriam estar preocupadas a pensar em quem votar nas proximas eleições (obviamente deixando de fora o PSD. Por razões evidentes e do tamanho de um buraco), e não tanto a discutir a sucessão.

Mas olhando para a foto...até percebo!