Powered By Blogger

quarta-feira, 25 de julho de 2012




ESTÃO VERDES...



A Madeira Nova é uma fábula deformadamente neo-surreal



Reputado especialista em incêndios, chefe Jardim pôs o país a arder com as acusações desbragadas aos bombeiros.



Com muita pressa para evitar contactos incómodos com a população, a pardacenta romagem oficial percorreu esta terça-feira zonas da Madeira devastadas pelos incêndios da semana passada. A segurança com bastos e robustos guarda-costas protegia quem se gabava, outrora, de não precisar dela para nada.
Como reparou a TVI, chefe do governo regional não falou com nenhuma das vítimas que afinal eram a razão de ser da rápida maratona. Apertado pelo jornalista, argumentou não sentir interesse em posar para a 'fotografia dos coitadinhos'. Aproveitou mesmo para uma ferroada, declarando deixar a 'fotografia dos coitadinhos' para os que andaram a exibir-se durante os fogos.
A moral da história, porém, é que evitou contactos com populares, contribuintes como os outros e a esta hora desesperados da vida.
Assim trata os 'patas rapadas' quem tem ludibriado gerações de madeirenses explorando-lhes o interesseirismo para continuar a poder organizar cortejos oficiais e produzir declarações espúrias como as de ontem, atingindo irremediavelmente a digna classe dos bombeiros.
Assim trata os 'patas rapadas' quem se verga como um mendigo à saída das missas de chapéu na mão. Quem roga encarecidamente a cidadãos pobres, desempregados e marginalizados para que subam à Herdade a fm de lhe aquecerem o ego com mais um 'banho de multidão', aliás vazio e falso porque o artista é Quim Barreiros.

Como destaca o DN, o chefe do governo riscou do itinerário da excursão sítios dos concelhos do Funchal e de Gaula, por razões claramente denunciadas: ir por São Gonçalo acima ficaria mal sem Miguel Albuquerque na comitiva; e Gaula há muito tempo que lhe 'descobriu as carecas' e dispensa em absoluto 'fotografias dos coitadinhos'.

Quando chefe se explica sobre os porquês das omissões grosseiras no traçado da romagem, que não incluiu contactos com vítimas nem simples passagem por duas zonas hostis, todos nos lembramos da raiva da raposa a olhar com desdém para as uvas na latada inacessível: 'Estão verdes, não prestam...' 


Atoardas de napalm

- Parece que houve aqui bombardeamentos com napalm - desabafou sua excelência pelas estradas à beira das florestas e casas em cinzas.
Não se admiraria com tal panorama se, em vez de se deixar ficar no bunker da Protecção Civil, procedesse como aqueles que acusou de "ânsia de protagonismo" e "exibicionismo", pelo facto de acompanharem as operações 'in loco'.

Nem sequer precisaria de visitar zonas em desoladores escombros se cumprisse os deveres de governante neste capítulo: garantir a prevenção contínua dos incêndios em toda a Região. A fazê-lo, nem precisaria de mandar a PJ agora numa caça às 'bruxas piromaníacas' nem cometeria o nefando insulto de chamar 'terroristas incendiários' aos bombeiros que sem tréguas combateram os fogos alimentados pelo desleixo executivo do próprio acusador irresponsável e vingativo.

Apesar de apregoar outras, as prioridades do governo, de momento, consistem no descartar de responsabilidades para longe, apontando culpas a moinhos de vento; impedir que os adversários leiam a cartilha como deve ser, desencorajando-os e calando-os de modo a não aproveitarem a desgraça "para fazer política"; tirar vantagem política da vitimização, como no 20 de Fevereiro; 'aligeirar' o plano de reajustamento financeiro; 'sacar' umas esmolas ao exterior para socorrer as vítimas dos incêndios, isto é, "os empresários que sempre ajudaram a Madeira" e que tomarão conta das obras de recuperação.


Preparar os campos queimados para as primeiras chuvas não é prioridade

E a prevenção para quando vierem as primeiras chuvas?
Nada se ouve sobre a urgência de acorrer às zonas devastadas onde pedras e troncos libertados pelo sinistro anseiam pela boleia de uma tempestade copiosamente aguada para descerem às zonas baixas da ilha, levando gente e património em assassinas enxurradas.
Quando isso acontecer, o chefe responsabilizará São Pedro, algum borda-de-água, uns terroristas inimigos da Madeira, maçonaria mais trilateral. Dessa forma conterá o primeiro embate das críticas, aos ouvidos dos papalvos.
Depois, então, vai moldando o discurso para negar as broncas produzidas na sua delirante espontaneidade.

Agora mesmo, como se esperava, o homem despeja um comunicado das Angústias para fora, 'virando o bico ao prego' no tocante às declarações que fez ontem, vilmente atentatórias da dignidade e do brio dos bombeiros - porque todos eles, estejam radicados onde estiverem, necessariamente acusaram a gravíssima ofensa.
No comunicado desta quarta-feira, Jardim responde ao processo que Fernando Curto, da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, anunciou mover-lhe, declarando Jardim que também processará o mesmo Curto. Sumariamente, a presidência vem negar hoje tudo o que o rei da tribo afirmou ontem.

Ora, todos o ouviram asneirar com as coincidências dos fogos a lavrar poucos dias depois de ele, Jardim, haver afirmado que havia bombeiros a mais na Região. Coincidência dos incêndios pouco tempo depois, também, de uma manifestação no Funchal protagonizada por bombeiros.
Agora vem angelicamente fazer notar que apenas falou numa 'coincidência temporal, objectiva e inegável'... como se a carga desses ditos não estivesse muito para além de uma torpe insinuação.

Certamente que o aflito chefe das Angústias já recorreu ao milionário advogado em serviço permanente, Guilherme Silva, porque o comunicado apresenta quesitos de processo formal, com Jardim a bater no peito dizendo-se dirigente de uma associação de bombeiros há mais de 40 anos e a invocar as muitas condecorações com que foi agraciado nesse âmbito.
Se isto não é mais uma demonstração do neo-surrealismo deforme característico da Madeira Nova...

Em nome do pluralismo, publicamos o comunicado escrito no presidencialato das Angústias.



Comunicado do governo

“1 - Um indivíduo Curto, de uma associação de Bombeiros, atreveu-se a afirmar que o Presidente do Governo Regional da Madeira teria acusado qualquer Bombeiro, de responsável pelos fogos ateados criminosamente na Madeira. Por tal responderá criminalmente.
2 - O Presidente do Governo Regional limitou-se a afirmar haver uma coincidência temporal, objectiva e inegável entre mais uma manifestação da associação do referido Curto na Região Autónoma, e os incêndios ocorridos. E fê-lo perante um comunicado do dito, também objectivamente coincidente, que dizia os fogos demonstrarem o Presidente do Governo não ter razão quanto ao efectivo de Bombeiros necessários ao arquipélago.
3 - O Presidente do Governo teve até o cuidado de afirmar que existia a inegável coincidência, mas que não desconfiava de quem quer que fosse.
4 - O Presidente do Governo é dirigente de uma Associação de Bombeiros Voluntários há mais de quarenta anos, tendo também várias condecorações a este âmbito, inclusive nacionais.
5 - Por outro lado, o de nome Curto já devia ter percebido que, com as suas diligências de há muitos anos em confronto com o Governo Regional da Madeira, no território autónomo não faz, nem fará, o que com os sucessivos Governos da República”.
- Assinado pelo adjunto da presidência.

Nota da 'Fénix' - Quem escreve comunicados deste calibre devia assiná-los, em vez de meter adjuntos no sarilho.


2 comentários:

jorge figueira disse...

Pois bem vistas as coisas o comandante deste calhau, perdido no Atlântico, auto-assumido candidato a um curso de medicina veterinária a crédito, deve inscrever-se rapidamente no curso.Licenciatura que fará em dois meses.Depois voluntariamente (dois vencimentos permitem-lhe essa extravagância)garantirá vida e saúde ao burrinho dotado de GPS que o envelhecido almocreve tenta orientar todas as noites na TV. A criatura perdeu o Norte. Daí que o burrinho com GPS possa dar-lhe (nos) orientação.

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Afinal Jardim, ao falar da "estranha coincidência" não quis dizer nada de especial. Pelos vistos, foi só para falar por falar. O que quer dizer que, no mínimo, perdeu uma excelente oportunidade de estar calado.