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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Politicando



BLINDAGEM NO PPD PARA MATAR 'DIRECTAS'


  

O derrube dos mitos no PPD-Madeira provocado pelo furacão Albuquerque obriga 'Jardim rei do bluff' a tentar blindar a pouca influência que lhe resta no próprio partido. Estando o poder nas mãos dos militantes, como se viu na passada sexta-feira, rei da tabanca manda cada vez menos.
 
 
Mitos caídos
 
Tombaram ruidosamente, nesta corrida a dois, uma série de mitos alimentados pelo chefe e pelos que vivem do regime desde sempre.
 
1.º mito - Jardim é a Madeira e o PPD-M
 
Como se lê dos resultados - empate técnico entre os dois concorrentes, Albuquerque e Jardim -, há meio PPD-M pelo menos que pretende ver-se livre do ditador. Por mais voltas e voltinhas com reuniões por todo o lado, ninguém ligou nenhuma ao chefe. E a opinião geral e pública da Madeira é mais drástica, conforme se verá na próxima ocasião eleitoral.
 
2.º mito - Jaime Ramos tem o partido na mão
 
Não tem partido nenhum na mão, como ficou mais do que demonstrado. Jaime é importante no campo onde pensam que ele é importante na cidade e é importante na cidade onde julgam que ele é importante no campo. Um pouco à Eurico de Melo, nas deambulações do antigo vice-rei entre o Porto e Lisboa.
Jaime pode vender a ideia de que chama os filiados às sedes de Vassouras de Cima e os põe a votar em quem ele quiser, mas ficou agora com as carecas descobertas.
 
3.º mito - Todos no PPD são o que são graças a Jardim.
 
É verdade para muita gente, mas ao menos para Albuquerque não é. Ele é que tem ganho a câmara do Funchal, nas autárquicas em que a 'ajuda' do chefe só atrapalha... conforme documento junto. Ou seja, Miguel Albuquerque não precisa do Ferrari de Jardim para nada. Aliás, grande chefe já não tem frota para distribuir. Se é que alguma vez teve.
 
4.º mito - Quem não for apoiado por Jardim jamais será delfim vencedor.
 
Como Albuquerque sempre entendeu, o contrário é que é verdadeiro.
E o edil da cidade foi ao campo derrotar outros meninos armados em conhecedores da ruralidade. Cunha e Silva, Manuel António, Miguel de Sousa - que final de carreira delfinária mais humilhante!
 
5.º mito - Chefe Jardim fica na cadeira até morrer
 
Houvesse eleições internas amanhã e chefe cairia do poder com espavento de partir costelas - caso tivesse Albuquerque como adversário.
Ainda assim, terá dentro em breve a oposição organizada para lhe dar o tratamento necessário. É já ali nas autárquicas de 2013.
 
 
Aquela cabeça vai inventar... o fim das 'directas'
 
O homem sente-se incapaz de travar a corrida do arqui-rival Miguel Albuquerque. Se voltar a votos contra ele, os militantes borrifam-se para essas histórias de que "não era o momento", que "o homem merece gratidão", que "o homem fez obra" e por aí fora.
Expulsar Albuquerque da Madeira? Impossível, porque primeiro seguia sua excelência.
 
Mas aquela cabeça, embora cansada e já com fraco discernimento, não é de subestimar em momento nenhum.
Apostamos como ele começa a ter saudades dos tempos em que mandava Jaime pelos campos, a combinar listas de congressistas no meio de uma macarronada com jaqué, de modo a ter no congresso "gente de confiança", "militantes agradecidos". Sem espaço para 'traidores'.
Quem não se lembra dos congressos em que grande chefe saía porta fora sob aclamação unânime como líder reeleito praticamente de braço no ar?
Raio de ideia seguir a moda nacional de trocar a reeleição em pleno congresso por 'directas' realizadas antes das sessões da reunião magna, logo sujeitas à 'democraticidade interna' de que rezam os estatutos!
Democraticidade é contarem apenas os votos depositados naquele que tantos tachos distribuiu pelos subservientes!
 
Vai daí!... Vai daí que sua excelência, ou nos enganamos muito, ou prepara um caldinho para tratar da viragem que o partido levou com este furacão de sexta-feira passada.
 
Estatutariamente, o congresso do fim deste mês deve tratar dos assuntos que justificaram a convocação extraordinária.
Mas congresso é congresso! Congresso é soberano! Soberano até para voltar a enterrar as eleições directas e voltar ao braço no ar, quase, dos congressos.
Então, sim, ver-se-á como algum challenger conseguirá bater, na hora da verdade, os congressistas escolhidos a dedo por Jaime Ramos!
Belos tempos em que chefe Jardim conseguia mais votos para ser reeleito do que o número de laranjas lá dentro do congresso.
 
Cuidado com o que vem aí...

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