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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ambiente



LEVADA DA SERRA DO FAIAL - 3



Levada da Serra do Faial


As levadas, para além de caminhos da água, são caminhos privilegiados para a descoberta da natureza nas entranhas da Ilha da Madeira. Mas, infelizmente, este nicho de turismo ecológico tem sido gerido de forma atabalhoada. Mais do que dinheiro, as levadas carecem de sensibilidade, de carinho e de respeito pela sua história.
O caso da Levada da Serra do Faial é paradigmático. A natureza está lá, pujante e belíssima, aguardando os visitantes. Entre o Ribeiro Frio e a divisória de águas dos Lamaceiros a vereda paralela à levada encontra-se em bom estado, mas o troço da levada entre os Lamaceiros e o caminho para o Santo da Serra está numa miséria. Nalguns sítios é necessário rastejar entre os matagais e noutros toda a atenção é pouca para evitar os troncos de árvores atravessados no caminho. Dum e doutro lado da levada os taludes estão pejados de árvores derrubadas no temporal a 02 de Fevereiro de 2010, que afetou especialmente o leste e o nordeste da ilha.
Diariamente, os turistas que percorrem a levada são obrigados a ultrapassar os perigosos obstáculos e não se coíbem de fotografar este caos, que espantosamente se mantém após terem sido gastos 3.587.732, 43 € nas obras de recuperação da levada (fases A e B) e nas intervenções após a intempérie de Fevereiro de 2010, comparticipadas em 85 % pela União Europeia.
No Ribeiro Frio, estrategicamente colocada no início do trilho, uma placa informa os viandantes que a recuperação da centenária Levada da Serra do Faial foi inaugurada por sua excelência o presidente do governo regional dr. Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim, que, como é óbvio, desconhece o estado miserável do troço da levada entre os Lamaceiros e o Santo da Serra, que não viu do outro lado do ribeiro as miseráveis ruínas da antiga casa de chá e que não sabe que água que corre no canal betonado com dinheiro europeu está a ser despejada nos córregos e as lagoas inauguradas antes das eleições continuam vazias.
Não fosse a bandeirinha da União Europeia incrustada num canto inferior da placa perpetuadora da inauguração e julgava-me nas idílicas florestas da Coreia do Norte.
Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal
 
Levada da Serra do Faial



 

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