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sábado, 12 de janeiro de 2013

POLÍTICA DAS ANGÚSTIAS / SÁBADO






                                                    







                                                          




PPD EM ESTADO DE SÍTIO


Reuniões de facção, almoços secretos com 'tubarões' do governo e do empresariado, ex-secretários muito activos, as desconfianças do chefe, a conversão de velhos caciques ao anti-jardinismo, a multiplicação de sensibilidades internas como se via no velho PS: é hora de fugir!




Sexta-feira, às 11 horas, o vice-presidente Cunha e Silva e o secretário das Finanças Ventura Garcês chegaram à Quinta das Angústias, cada qual no seu bólide oficial, e entraram na presidência do governo sem que houvesse reunião previamente divulgada pela comunicação social.
Mais tarde, correram rumores de que autarcas da zona oeste também compareceram na presidência.
Correm especulações sobre o discreto conclave. Porque a conjuntura regional espevita a imaginação. Para já uma só certeza: qualquer acção governativa ou partidária da iniciativa do chefe do palácio tem por objectivo emendar ou planear qualquer coisa de modo a evitar abalos na sua cadeira do poder. Portanto, se a ideia foi concertar estratégias a oeste dedicadas às eleições autárquicas ou elencar militantes social-democratas da facção jardinista para controlar as comissões de freguesia, o catecismo político-partidário é o mesmo.
Esses assuntos não são tratados em sede governamental?
Ora, caros Leitores!
Acolá entre as araras, tanto se despacham assuntos partidários como se estuda solução - como pode ter sido o caso daquele encontro - para o berbicacho do Lugar de Baixo, se não a
escolha do pesticida para as bananeiras da Madalena do mar.


De onde raio vem o 'fogo amigo'?

Terá Jardim aproveitado a presença de Cunha e Silva e Ventura Garcês para os 'prender' mais uns minutos depois da reunião, a fim de os ouvir sobre as novas medidas aventadas pelo endiabrado FMI? Ora, os cortes em perspectiva recaem basicamente nos funcionários públicos, em certas classes profissionais que o Fundo Monetário acha privilegiadas e nos pensionistas. E com essas penalizações que deixarão muita gente 'a pão e água' pode bem o chefe Jardim.
Basta continuar a remeter candidamente as culpas da tragédia económico-social madeirense para Lisboa.
Da nossa parte, não podemos deixar de magicar sobre a coincidência de o encontro misterioso acontecer no dia em que o DN reproduzia declarações de Miguel Albuquerque mais uma vez 'amigas' de João Cunha e Silva.
O presidente da Câmara, que encostou Jardim 'às cordas' nas eleições internas de 2 de Novembro, não se coíbe de nessas declarações elogiar o 'bom senso da vice-presidência' ao resolver dar ouvidos ao município acerca das obras no Infante e na ressaca do 'decreto das estradas', inventado pelo chefe das Angústias para rebaixar a importância da vereação miguelista.




        
 
Vejamos: então o chefe do executivo anda às turras com Albuquerque, provoca-o, tenta retirar-lhe poderes, castiga os seus apoiantes, acaba de mandar expulsar Costa Neves do partido - e a imagem que emerge através dos jornais é de um vice do próprio Jardim a trocar salamaleques com o rebelde a exterminar?
Mas quem está com e contra quem?


Revolta de Cunha e Silva ou teatro? Apostamos na primeira hipótese

Aquela situação não pode ter passado a leste da reunião de sexta-feira. E porquê também Ventura Garcês? Bem, o secretário das Finanças é fundamental na prossecução da táctica de Jardim anti-presidente da Câmara. Para isso, Garcês e o vice não podem andar às avessas um com o outrom como tem acontecido. Pelo contrário.

Jardim sabe não ser à toa que João Cunha e Silva mudou radicalmente a sua relação com Albuquerque. Ficaram para trás os tempos em que, no fragor da guerra da sucessão, o normal era a vice-presidência encomendar inspecções às actividades m unicipais da capital.
Cunha e Silva não pode andar feliz no seio do executivo. Jardim deu-lhe em 2000 o 'Ferrari' solicitado para não correr em desvantagem na prova de delfins, a vice-presidência. Mas há bem pouco pregou-lhe uma partida - mais uma - que merece entrar numa selecta da política. Miguel Albuquerque anunciou a sua candidatura à liderança do PPD. Jardim reagiu mandando que se candidatasse também o seu secretário do Ambiente, Manuel António Correia.


A jogar nos bastidores

 
Veja-se, pois, quão confortável não terá ficado Cunha e Silva no governo! Quem manda no executivo abaixo do chefe é ele, o vice. Mas, na visão de 'Meio Chefe', mais competente para chegar a presidente é um subordinado do vice!
Que outra cabeça no ar que não a do conhecido estratego da tabanca para criar situação tão insustentável como esta?
Dividir para reinar é com mestre soba.

Sim, Jardim pode ser tão inteligente em táctica militar que, afinal, actua em sintonia com João Cunha e Silva. Género - vai mantendo a fera da Câmara calminha porque temos autárquicas pela frente e convém evitar guerras inúteis que só prejudicariam a candidatura do Bruno Pereira.
Não acreditamos em tão desconcertante perspicácia naquela cabeça. Bem lhe seria útil no seu perverso viver político. Mas não consegue subir a esse patamar do maquiavelismo. Tal hipótese, aliás, não joga com as persistentes arremetidas dele, 'Meio Chefe', contra Miguel Albuquerque, a começar pelos sensaborões bonecos do ex-JM.


Conclave de 'tubarões' na Escola Hoteleira

Estamos pois em crer, por essa e por outras, que João Cunha e Silva não deu cavaco ao patrão sobre o destino que tomaria assim que saísse da reunião nas Angústias. Quem o viu bem foram alguns vizinhos da Escola Hoteleira a quem não passou despercebida a chegada da vice-presidencial 'bomba 530' àquela urbanização pela Ilma fora.
A vizinhança estranhou, aliás, a invasão de topos de gama, à base do BMW e do Mercedes, àquele estabelecimento de formação hoteleira, à mesma hora. Uma dúzia de máquinas do melhor que há fez refulgir aquele parque de estacionamento.
Com João Cunha e Silva, que é nada menos do que vice do GR, estiveram na Escola Hoteleira cerca de uma dezena dos mais pesados barões da política e do empresariado regionais. Por exemplo, Miguel de Sousa (gestor da ECM e vice da Assembleia), o superempresário/empreiteiro Avelino Farinha, os irmãos Henriques e outra meia dúzia de personagens de sucesso da Madeira Nova.
 

Os mirones da vizinhança ficaram sem perceber o motivo do admirável encontro de notáveis: aniversário de algum dos parceiros à mesa? Mera reunião de amigos para falar de futebol? Conversar sobre a meteorologia para o fim-de-semana? Negócios?
Para Cunha e Silva, o banquete não demorou muito, porque saiu a horas de voltar ao trabalho, se é que se tratava disso.


PPD-2013: bipolarização, tríade ou 'saco de gatos'?

Trata-se de eventos inacessíveis à populaça que, temos de dar uma tolerância, não perde a oportunidade para fantasiar. Mas até os analistas políticos, oficiosos e particulares, relacionam estes convívios, talvez forçadamente, com as disputas pelo poder regional, que passa pela sucessão no PPD.
Não, não somos nós a tentar descobrir raios e coriscos no céu azul, são políticos credenciados que nos traçam os quadros. E ninguém desmentirá que o processo encerra enigmas fora do alcance da razão, desafiando quem precisa de saber com o que conta no futuro próximo.

'Meio Chefe' tem o condão de fazer embravecer um mar de azeite, arranjar problemas quando dá pela falta deles.
Até há poucas semanas, parecia estar instalada uma bipolarização para durar dentro do PPD: Miguel Albuquerque de um lado, Manuel António e Jardim do outro.
Num repente, passou-se a uma espécie de tríade no laranjal, com a inesperada declaração de Cunha e Silva de que na hora certa também se candidataria.
Neste interim, fica-se sem perceber se Cunha e Silva trabalha o assunto sozinho, se está próximo de Jardim ou se é sincero nas amizades com Albuquerque.


Subestimar Jaime Ramos pode dar torto...

E ficamos por aqui? Pois, é isso, há uma carta longe de poder ser considerada 'fora do baralho': Jaime Ramos.
'Meio Chefe' Jardim reabilitou Machadinho, que caíra em desgraça, para preencher o lugar de onde queria retirar Jaime. Os membros PPD das comissões de freguesia já não se admiram de ver chegarem às reuniões locais, no carro do partido, patrão Jardim, André Freitas e Carlos Machado 'Machadinho'. Isso já aconteceu em vários casos.













Como se sabe, o especialista em acção psicológica tribal desconfia da própria sombra. Não consegue libertar-se de uma suspeita incomodativa: será que Jaime Ramos deu o gás necessário à outrora diabólica máquina laranja na campanha contra Miguel Albuquerque?
Parado no tempo, o homem das Angústias não vê que o problema não está na máquina do seu meio partido, que todos sabem irremediavelmente gasta e encrencada, mas na máquina do outro meio partido, de Albuquerque e Rui Abreu, que ainda em fase de aquecimento já fez os estragos que fez.
Obviamente, Jaime Ramos já se apercebeu do desprezo a que Jardim o quer votar - comportamento que 'Meio Chefe' atribuirá evidentemente à capacidade inventiva da maçonaria se alguém o confrontar com essa tese.
Entretanto, terá de convencer homens seus de que não está de relações cortadas com o seu histórico secretário-geral. Porque é essa novidade que corre nas alcatifas do poder.


Facções laranja tentam 'meter' os seus nas câmaras

Como Jaime Ramos já se apercebeu das medidas do 'Meio Chefe' para o afastar e não é homem para dormir na forma, vai ensaiando a forma de se manter na luta e dentro do comboio.
O filho de Jaime Ramos, Jaime Filipe Ramos, tenta lançar nas autarquias candidatos da sua confiança. Nivalda Gonçalves foi experimentada junto da opinião partidária da Ribeira Brava, como candidata à Câmara. Porém, forças laranja locais apontam à
deputada e gestora uma postura inconveniente quando propõe a atribuição do rendimento social de inserção a quem bem entende. A comissão encarregue do serviço tem ignorado as alegadas pressões de Nivalda, apesar da utilização do seu estatuto parlamentar. É o que dizem os detractores de Nivalda.
Ou seja: a candidata de Jaime Filipe Ramos continuará no parlamento, se não acontecer nas próximas semanas uma reviravolta que de momento se afigura muito difícil.
O mesmo sector do PPD, com os dois Jaimes à frente, também está interessado em colocar à frente da candidatura social-democrata em Câmara de Lobos outro deputado economista, Pedro Coelho. Mas o sucesso do projecto parece distante.
A leitura que se pode retirar destas elucubrações é que já lá vai o tempo em que o secretário-geral Jaime Ramos tinha voz na matéria junto de Jardim. Ou que chegava ao campo, dizia como era e pronto.


O futuro não passa por Jardim, obviamente

Pragmático como é, o também líder parlamentar ficará de braços cruzados? Ao que consta, ele não gostou que, depois de se admitir que se Manuel António chegasse à liderança do PPD e ganhasse eleições regionais nomearia Jaime Filipe vice do governo - não gostou que depois aparecesse Jardim a baralhar tudo e a candidatar-se de novo.
Jaime já percebeu que o futuro não passa pelo situacionismo jardinista. Nas Angústias vagueia uma letra vencida e o caminho faz-se com Albuquerque. Se estão 'verdes' nas Angústias, haverá 'maduras' noutra latada.


Colaboradores históricos viram-se contra o líder

Deixou de ser novidade o isolamento de 'Meio Chefe' de há uns tempos a esta parte. Os seus colaboradores mais próximos durante décadas confessam-se cansados do feitio e da política do caudilho. Pior: tornaram-se críticos ferozes do jardineirismo que alimentaram.
Pelas movimentações na cidade, sente-se que muitos deles aguardam a reviravolta no PPD para voltarem a trabalhar na política partidária.
Entre esses social-democratas figuram alguns antigos governantes, que à distância parece detectarem melhor a prepotência e a política financeira suicida do antigo chefe...


Ex-secretários muito activos pela cidade

Relacionadas com esse tema ou não, observamos diariamente andanças no Funchal um pouco intrigantes. Antigos secretários como Jorge Jardim Fernandes, Santos Costa, Pereira de Gouveia, Francisco Santos - a conversar uns com os outros em praças e cafés. Obviamente que, para conspirar ou tratar de negócios, teriam sítios mais recatados para se encontrar. Mas o facto de Santos Costa ter visitado há pouco o secretário das Finanças em dois dias consecutivos gera comentários espontâneos, quando se sabe que o resultado da 'Operação Cuba Livre' deverá ser conhecido em Abril.
 
Ex-secretários encontram-se na cidade: Pereira de Gouveia, Jorge Jardim Fernandes, Santos Costa e Francisco Santos. Conversa casual, mas certamente apimentada. 
  Santos Costa, que ficou sozinho quando das notícias e boatos após a invasão do MP e GNR ao ex-Equipamento Social, é o mais activo ex-secretário, que saibamos. Um dia almoça longamente num restaurante do Campanário com Paulo Fontes (que leva o discreto Peugeot de um clube a que está ligado), noutro dia conversa durante horas com Jorge Moreira na esplanada do novíssimo Ritz... Aqui e ali são vistos 3 e 4 ex-governantes em entusiasmadas cavaqueiras.


O 'meio partido' do 'Meio Chefe' faz lembrar o antigo PS-M, o das 7 sensibilidades internas

Enfim, o PPD atravessa uma fase curiosa, inimaginável há um ano: só há estabilidade em 'meio partido', a metade que de momento assiste da bancada ao espectáculo. Quanto ao 'meio partido' onde se movimentam os actuais operacionais, multiplicam-se as sensibilidades e linhas partidárias internas.
Curiosamente, a sensibilidade mais frágil acaba por ser a de Jardim, onde ainda se acoitam meia dúzia de súbditos impossibilitados de mudar de flanco. Ou nos enganamos bastante ou o próprio 'meio líder' já se apercebeu de que nada risca politicamente, nem sequer no partido, motivo que o levará pela primeira vez a manter-se distante da campanha eleitoral autárquica. E faz bem: candidato apoiado por ele é candidato derrotado, diz-se nos cafés.
O 'meio partido' do 'meio chefe' faz-nos lembrar o Partido Socialista de uns valentes anos atrás, em que cada semana surgia nova sensibilidade na Rua do Surdo para disputar o poder interno.
Tanto sua excelência o rei da tabanca ridicularizou o vizinho que... o seu mal vem a caminho.

2 comentários:

Anónimo disse...

a bipolarização é esta: miguel albuquerque / cunha e silva...sempre foi e sempre será.... o que se estranha é a aparente confusão do redactor do blogue....

Luís Calisto disse...

Mesmo confusos, achamos que hoje no PPD há pluripolarização.

Mande sempre.