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sexta-feira, 26 de abril de 2013

POLÍTICA DAS ANGÚSTIAS / SÁBADO



O PRESIDENTE DO CONTINENTE E AÇORES
PEDIU UM CONSENSO E ALCANÇOU DOIS

Desde que 'Meio Chefe' meteu o 'Sr. Silva' na ordem, temos o privilégio de ser portugueses sem ter de aturar o pobre reformado de Boliqueime. Liberdade de Abril é isto.

O Presidente continental e açoriano é o de gravata vermelha (para os daltónicos: ele está entre os dois contínuos da Assembleia).


Foi com sonora e descarada mentira que o Presidente do Continente e Açores, Cavaco Silva, arrancou a discursata do 25 de Abril em São Bento. 
"Assinalamos hoje o aniversário daquela madrugada que, ao fim de 48 anos de ditadura, nos trouxe a liberdade e a democracia por que tanto ansiávamos" - assim começou a disparar o homem do leme.
Trata-se de um lugar-comum ao alcance de qualquer aluno do 1.º ano, mas que, veiculado pelo Presidente de 3/4 de Portugal, soa claramente a falso.
O 'homem do leme' era contra a ditadura? Ansiava pela liberdade e pela democracia? Então como é que permite a existência de uma ditadura que impede liberdade e democracia numa parte do território nacional?
O político que não lê jornais, que nunca tem dúvidas e raramente se engana sabe muito bem do estado da 'democracia' na terra do seu colega de partido que um dia o chamou 'Sr. Silva' e sugeriu a sua - dele, Cavaco - expulsão do PPD.
O especialista em rodagem de carros tanto sabe das agressões à liberdade na Madeira, incluindo no campo da comunicação social, que na última visita que fez ao Funchal deixou esta mensagem aos partidos da oposição (a quem recebeu num vão de escada para não acicatar o 'Meio Chefe' local): deixem lá, tenham calma, que isto está quase no fim.
Abdicou, pois, do seu dever de aplicar a Constituição numa parte do território nacional onde os abusos por parte do mandatário de Passos Coelho se perdem no infinito, com o seu conhecimento.
E foi assim que o 'Sr. Silva' se assumiu como Presidente do Continente e dos Açores, resignando no tocante aos seus poderes na Madeira para não ouvir nomes feios... que na boca do artista do Chão da Lagoa podem chegar, como se sabe, a comuna, bêbedo, bastardo e maricas.

E ainda vamos no 'lead' que Cavaco escolheu para o arranque do discurso.


Nos 40 anos do 25 de Abril haverá festa no País... com a excepção da ordem, Sr. Silva 

Mas a segunda frase constituiu nova mentira, esta de carácter premonitório: em 2014, o 25 de Abril faz 40 anos e, sendo património de todos, por todos os Portugueses será festejado. 
Ele sabe que não será assim. 'Meio Chefe', ou seja, o mandatário ilhéu de Passos Coelho, não aceita comemorações de Abril na Madeira. Se quiserem no 25 de Novembro, muito bem, o rei da tabanca faz até questão de ajudar à festa.

Mas não apresentaremos aqui todas as mentiras que o inquilino de Belém proferiu ontem no parlamento, porque, mesmo na internet, convém fazer contenção de espaço.

Refiramos apenas algumas ideias expelidas sobre o País pelo orador acidental.

Se um dia, enquanto primeiro-ministro, deu palpites para que se jogasse na Bolsa, o 'Sr. Silva' exortou ontem os Portugueses a terem fé no sistema bancário português.
Vendo bem, realmente um banco nunca falha: se dá lucro, ganham os accionistas e enriquecem os administradores; se dá prejuízo, pagam os desgraçados dos contribuintes que mal têm com que alimentar a família.


Manifes populares de apoio aos sacrifícios, diz ele

Sobre "estes dois anos muito difíceis", sua excelência realça "o sentido de responsabilidade revelado pelos portugueses". Apesar de "confrontados com grandes sacrifícios e duras exigências", os Portugueses "deram mostras da sua maturidade cívica". 
Para ser justo, Cavaquinho poderia ter ido mais longe, tipo: o sentido de responsabilidade foi tal que o povo saiu várias vezes à rua para ruidosa e violentamente apoiar os sacrifícios que o governo lhe determinou.

A sério: Cavaco apelou às capacidades de todos para "gerar consensos", a fim de se evitar que uma crise política se junte à crise económica e social.
Ou seja, o homem quer tudo menos o embaraço de ter de intervir num cenário de queda do governo e consequentes eleições antecipadas.
Ora, com o que lhe levam de impostos, que o obrigam a recorrer às suas poupanças para comer uma sopa com Maria, acham que o Presidente do Continente e dos Açores é suficientemente pago para se meter em sarilhos desse jaez?
Consenso, pois.
Vejamos as coisas pela positiva: com a sua teoria, Cavaco aliás não conseguiu um, mas dois consensos. Primeiro consenso, aquele que o liga na perfeição ao governo do seu antigo líder da Jota, Passos Coelho. Agora é mesmo "um presidente, um governo, uma maioria" - para mais contando com aquele aliado estoira-vergas do PPD-Madeira independente.
Segundo consenso, a unidade contra ele mesmo que o discursadeiro conseguiu criar na oposição, de extremo a extremo. 
Há um terceiro consenso, mas a esse Cavaco já está habituado em todas as suas acções públicas de que a polícia não consegue afastar a populaça.


Com este Presidente e este governo...

"Há quase 40 anos", Portugal mostrou ao mundo como é possível mudar de regime sem violência", disse ontem o Presidente do Rectângulo e dos Açores.
Pois hoje devíamos mostrar como se torna a mudar um regime, mesmo que seja preciso algum barulho - acrescentamos nós.
É que assim não se pode continuar, insinuou Cavaco.
Evidentemente, Portugal não pode continuar com este Presidente e este governo, dizemos nós.
Quanto ao governo da Madeira já não há problemas, porque não existe como tal. Foi transformado em 'centro de dia' para idosos. Se bem que o mais velhote ainda faça barulho.

Dada a situação excepcional que é uma parte do território de Portugal, a Madeira, não ter Presidente da República, ficámos ontem a pensar diante da TV, enquanto Cavaco era ovacionado de pé pela maioria e literalmente ignorado pelas bancadas sentadas da oposição: é verdade que 'gramamos' com engulhos nas goelas o 'Meio Chefe' das Angústias, que não deixa o 'Sr. Silva' riscar na Madeira. Mas pelo menos estamos livres daquela criatura do Boliqueime.



2 comentários:

jorge figueira disse...

Atendendo a que o homem nunca se engana e raramente tem dúvidas, resta-nos esperar para vermos o que virá de tudo isto. Não esqueçamos a grande vitória que foi para o País a reforma da PAC dos seus tempos de 1ºMinistro. A coisa foi-nos vendida como uma marca Portuguesa na Europa. Resultados ficaram à vista: barcos abatidos, produções reduzidas, embora S. Exa. diga que não foi assim.

Luís Calisto disse...

O curioso, caro Dr. Figueira, é que o homem do leme, depois de mandar os pesqueiros ao fundo, anda hoje a fazer apelos para o regresso ao mar! O mar para aqui, o mar para ali...
(Mas chamar estúpido ao povo tem o seu quê de merecido. Quem lhe deu duas maiorias absolutas, de 87 a 95?)