AS ARARAS DA QUINTA VIGIA

01 - Arara azul e amarela - Quinta Vigia - 01.10.13

Estudo a flora da Quinta Vigia há muitos anos. Há tantos, que quando comecei a contar pétalas, estames e carpelos, ainda se chamava Quinta das Angústias.

Esta manhã voltei a subir a Avenida do Infante com o objetivo de fotografar algumas flores no espaço verde, onde se localiza a residência oficial do Presidente do Governo Regional da Madeira.

Ao transpor o grande portão de ferro foi sem surpresa que constatei o estado impecável dos canteiros. Ao avançar sobre a calçada madeirense, apercebi-me que no palácio o silêncio era sepulcral e que as araras azuis e amarelas estavam muito excitadas. Aproximei-me da gaiola e tentei perceber a causa de tanta algazarra. Foi fácil.

As aves indígenas da América do Sul informaram-me que estão fartas de viver encarceradas e que querem sair dali. Desejam voar em liberdade. Explicaram-me, que o ambiente já estava bastante mau, mas que ficou insuportável desde domingo à noite. Disseram-me que não querem ficar ali sozinhas a aturar um velho rabugento.

E confidenciaram-me, que quando fugirem da gaiola irão voar até aos jacarandás da Avenida Arriaga, onde uma tertúlia de velhos comensais da quinta passa a vidinha a zurzir no ex-amado líder.

Farto de araras ingratas, e porque a luz estava impecável, comecei a fotografar as flores até ao mirante de D. Guiomar, donde se avista a anárquica  “Baía Tetrapolégica do Funchal” última obra do regime, que entrou em agonia a 29 de Setembro.

De regresso a casa, ao atravessar o Parque de Santa Catarina constatei que no espaço verde municipal as aves já abandonaram a gaiola.

A liberdade está para breve. Até para as araras da Quinta Vigia.

Saudações ecológicas,

Raimundo Quintal

02 - Araras azuis e amarelas - Quinta Vigia - 01.10.13

03 - Arara azul e amarela - Quinta Vigia - 01.10.13

04 - Gaiola das araras - Quinta Vigia-01.10.13

05 - Gaiola sem aves - Parque de Santa Catarina - 01.10.13