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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

LARANJAL



OS DESOBEDIENTES 



No Laranjal madeirense, os discípulos de Jardim perdem paulatinamente o enraizado costume de não abrir a boca para emitir opinião antes de saberem o que pensa o chefe sobre o assunto que estiver em apreço. Alguns deles abordam hoje, com à-vontade, qualquer tema que seja proposto, incluindo as dissidências no partido que se sucedem umas às outras.
Mais espantoso: mesmo depois de o chefe dizer 'preto', alguns desobedientes não hesitam em dizer 'branco', pouco ralados com a reacção superior.
Quem se debruçasse hoje pela primeira vez sobre a vida do PPD-Madeira julgaria estar perante um partido com tradição democrática.
Não se trata disso, nem de perto nem de longe, como todos sabemos. Sucede é que o viver dentro daquela desconjuntada casa se transforma de dia para dia, com o patrão, até há pouco indiscutível, imortal, omnipresente e omnisciente, a sentir escapar-se-lhe o poder de outrora.
No momento presente, há um leque de social-democratas 'desobedientes' que não perderiam pela demora se Jardim estivesse para lavar e durar no poder. Infelizmente para ele, assim como para os últimos sibaritas e alcateia de verdugos do regime desenvolvimentista, os dias de glória chegam aceleradamente ao fim. Sem tempo sequer para vinganças e atrocidade psíquicas que aliviem a ferocidade daquele estranho carácter.
Alguns social-democratas revoltam-se para escapar à escravidão ultrajante que manietou gerações nestes 40 anos. Em busca de recuperar o tempo perdido, montam o cerco à Rua dos Netos, para desalojar o homem que lá se barricou mantendo partido e quadros sob sequestro.
Estes 'desobedientes', antigos vassalos, podem contar ainda com ataques infames pela mão do 'eterno' chefe. Mas, como dizíamos, o reinado está pelas peles. 



JOSÉ PRADA





Presidente do conselho de jurisdição do PPD-M, José Prada resistiu na passada sexta-feira, dia da comissão política regional, a um assédio particularmente insistente do chefe para que resolvesse de forma sumária o processo que ele mesmo, chefe, interpôs contra Miguel Albuquerque. Resolver o processo consistia, evidentemente, em sentenciar Albuquerque, candidato à liderança, com a pena de expulsão. 

O patrão das Angústias pretendia chegar à reunião da noite da comissão política com esse trunfo na mão. Passou o dia em diligências.
José Prada, apesar de considerado peça importante da linha jardinista no PPD, recusou-se terminantemente a obedecer à ordem. O que, como relatámos em peça anterior, deixou a Quinta das Angústias num alvoroço. 
Chefe utilizou intermediários de peso para convencer Prada. Contam-nos desde a Assembleia Legislativa que o assunto agitou, e muito, a presidência do Parlamento. O chefe das Angústias tentava utilizar a circunstância de Miguel Mendonça ser familiar muito próximo de José Prada para o convencer a obedecer às ilegais ordens.
Nada. Tudo em vão. O conselho de jurisdição não iria acelerar o processo nem expulsar Albuquerque. 
Uma sexta-feira negra para Jardim, que certamente não perdoará o atrevimento ao seu até agora indefectível colaborador. O homem da Tabanca foi obrigado a mentir descaradamente em público, teimando, ainda na sexta-feira, e depois de ter dado por perdida a guerra com o conselho de jurisdição, que nunca quis expulsar fosse quem fosse e que era tudo invenção da imprensa.
José Prada entrou para a lista negra do chefe, com próximas farpas, apostamos, nos bonecos do JM, ou nalgum artigo do novo 'cronista' 'Justino Infante', tão parecido com Jardim como era o engraçado 'Horácio Silva'. 
Quem não estará também nas boas graças do chefe é Ventura Garcês. O secretário das Finanças integra também o conselho de jurisdição, porém, apesar de instado pelo grande chefe, não actuou junto de José Prada de forma a conseguir satisfazer a obsessão pela expulsão do inimigo Albuquerque.



MIGUEL ALBUQUERQUE




Já em 2000 andava de candeias às avessas com o chefe, embora sem declarações públicas que se parecessem com as que lemos e ouvimos nos dias de hoje. Albuquerque só foi candidato do PPD-M em 2009 porque Jardim não quis arriscar uma derrota no Funchal. 

O ex-autarca granjeou mais votos na capital em todas as eleições a que concorreu do que Jardim nas legislativas, também no Funchal. Isso desagradava ao chefe, claro. Os ciúmes cresceram na razão directa das aparições irreverentes e autónomas de Albuquerque. Até à 'bomba' do anúncio da sua candidatura para derrubar o eterno líder.
Acusação de mação, ponta-de-lança do Blandy, representante das forças negras que pretendem o regresso da Madeira Velha, pouco trabalhador, figura circunscrita às revistas de cabeleireiro - os ataques a partir das Angústias não tiveram descanso.
Depois, a vitória de Miguel nas internas de 2012, que a 'máfia no bom sentido' conseguiu transformar em vitória do chefe, ainda assim resvés.   
Na presente fase do processo eleitoral, com epílogo em princípio estabelecido para Dezembro, Jardim vê-se de mãos atadas ao querer afastar Albuquerque do caminho. Porque, com ele na corrida, chefe não terá sucesso na sua recandidatura. A expulsão era a solução mais inteligente. O chefe possivelmente ficaria sozinho, já que outros candidatos também abandonariam, em solidariedade com Miguel Albuquerque.
Com todos em jogo, o mais natural é que Jardim volte ao projecto de deixar cair o seu governo, através do parlamento. Há condições para conseguir 'chumbar' uma moção de confiança. Com a dissolução da Assembleia, não haveria tempo para congressos e mudança de líder. Jardim concorreria outra vez. 
Para perder, que dúvida!
Entretanto, há um Miguel Albuquerque novo, transformado, que optou pelo contra-ataque, respondendo com acidez aos insultos do chefe. Ventos da mudança.


SÉRGIO MARQUES






Chefe Jardim tratou sempre de evitar o crescimento do peso político de Sérgio. Várias vezes tentou desautorizar o ex-governante e ex-eurodeputado. Agora mesmo, disse que a sua demissão da comissão política "não aquece nem arrefece".

Só que aqueceu. Sérgio Marques, a quem o chefe vinha acusando de 'politicamente correcto', em artigos no JM, apócrifos ou assinados por ele, chefe, num par de dias surpreendeu o homem com a sua demissão de membro da comissão política e com solene aviso de desistir da sua candidatura à liderança se as ameaças de expulsão no ar se materializassem.
Numa palavra, o líder já percebeu que Sérgio Marques é um candidato a ter em conta e que usá-lo nas horas difíceis, como no caso da lista para a Câmara do Funchal, não será mais possível.


HENRIQUE COSTA NEVES



Desafiou sem hesitar o poderio do chefe, na altura teimoso alimentador de uma guerra Angústias-Câmara do Funchal. Era o tempo de Albuquerque presidente. 
A propósito das obras no aterro, Henrique Costa Neves criticou o facto de os operacionais do betão serem os mesmos da trágica marina do Lugar de Baixo. Para concluir: E ninguém vai preso!
Seguiu-se o processo de expulsão do partido, porque o patrão alegou incómodos graves nos membros do governo, à conta das afirmações desassombradas do então vereador do Ambiente. 
Desobediente, expulso, mas com a coluna vertebral direita.


RUBINA LEAL



Tratada por Mata-Hari pelo ainda chefe máximo, nunca se escondeu do apoio à candidatura de Miguel Albuquerque, nas últimas internas. O que levou à sua dispensa da comissão política regional.
O futuro ainda está para vir.


PEDRO CALADO



Também desobedeceu ao chefe das Angústias no ponto que mais magoa sua excelência: apoiar Miguel Albuquerque. 
Ainda há pouco, Jardim segredou algures que Pedro Calado, terminadas as funções na Câmara, entrou para os quadros do império AFA com a condição de não se meter em política.
Não acreditamos.



HUMBERTO VASCONCELOS



Outro expulso do PPD-M, por desafiar a Quinta das Angústias mesmo em assuntos melindrosos, por enquanto tabu, envolvendo Jardim.
A partir de certa altura, foi sempre a descer nas simpatias do chefe. Alegada campanha favorável aos independentes de São Vicente, contra a candidatura de Romeira, acabou na expulsão do ex-presidente. Que tem outro pecado na consciência, segundo as teorias de Jardim: é apoiante de Miguel Albuquerque.

Assumido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se Cavaco contrariar...vai ser EXPULSO do PSD!!!!