Powered By Blogger

quarta-feira, 11 de junho de 2014

PORTO SANTO / ESCLARECIMENTO


ADMINISTRAÇÃO DO GRUPO PESTANA
REJEITA QUE O REGIME 'ALL INCLUSIVE' 
PREJUDIQUE RESTAURAÇÃO





Em resposta ao artigo do 'Fénix' com o título "Partidarite All Inclusive", sobre a economia do Porto Santo na vertente hotelaria vs restaurantes, recebemos do administrador do Grupo Pestana Paul Prada o esclarecimento que publicamos a seguir. A minuciosa argumentação clarifica ao longo de 100 pontos a situação polémica da hotelaria enquanto elemento de primordial importância na economia porto-santense - economia essa que consideramos crítica. Numa palavra, o esclarecimento do Grupo Pestana rebate a ideia de que os hotéis em regime de 'all inclusive' na pequena ilha impliquem com a sobrevivência da restauração local.





A propósito do artigo “Partidarite All Inclusive”, cumpre-me, enquanto administrador do Grupo Pestana, somente no que concerne à ideia do alegado efeito pernicioso para a economia do Porto Santo resultante dos hotéis em regime de All Inclusive e, particularmente, para a restauração, que, no nosso entendimento, é evidente em todo o artigo, permita-nos V. Exa, pelo presente, referir o seguinte:

A. Das vantagens do All Inclusive para a economia do Porto Santo
 
1. O All Inclusive é caracterizado pela compra de um pacote que cobre as principais componentes da viagem, transporte, alojamento e refeições.
 
2. No que tange ao hotel propriamente dito, o cliente, por determinado preço cobrado, tem direito a alojamento, às refeições e bebidas.
 
3. Os responsáveis dos hotéis fazem as suas contas, os custos que representam o alojamento e as refeições/bebidas que oferecem e, por determinado preço, vendem, em conjunto, o alojamento e as refeições.
 
4. O All Inclusive surgiu nos Club Med dos anos 50 e difundiu-se rapidamente pelos cinco continentes durante os últimos 60 anos, trazendo à ribalta destinos que até anteriormente não tinham cariz internacional, tais como as Caraíbas, Costa Norte de África, Ilhas Espanholas e, mais recentemente, Costa Norte da Turquia e Cabo Verde.
 
5. Na base do sucesso dos resorts All Inclusive estão as seguintes razões apontadas pelos clientes:
 
- “Value for money”;
 
- Gestão do orçamento de férias pelo pagamento antecipado, canalizando os gastos no destino para excursões, actividades lúdicas e os habituais souvenirs;
 
- Poupança de tempo na planificação do próprio “package” sem haver as principais preocupações de escolha de voos, hotel, restaurantes, excursões;
 
- Confiança na reserva do destino e hotel por a mesma ser totalmente organizada por um único intermediário (Tour Operador), que garante a total satisfação da viagem;
 
- Facilidade de identificação das principais características do resort reservado (Famílias, Casais, 55+, etc) com base na motivação da viagem.
 
6. Com os problemas associados à Primavera Árabe no Norte de África e também a algumas convulsões na Turquia, os grandes operadores, como a Tui, que vendem All Inclusive, tiveram que adoptar outros destinos, entre os quais, o Porto Santo.
 
7. Os responsáveis dos hotéis não podem oferecer aos clientes o que eles não querem. Se os clientes procuram em Nova Iorque apenas o alojamento, mal andará o hotel nova-iorquino que pretenda impor ao cliente o “Full Board.”
 
8. Mutadis mutandis, para o Porto Santo: se o cliente procura no Porto Santo o All Inclusive, não se lhe pode forçar o “Bed & Breakfast”, sob pena de não se ter clientes.
 
9. O Grupo Pestana abriu o Hotel Pestana Porto Santo no início de 2008.
 
10. Em 2009 e 2010, o Hotel Pestana Porto Santo teve cerca de 60.000 dormidas no Verão, que representava uma ocupação a rondar os 40%, que ficava muito aquém das expectativas.
 
11. Em 2011, alterou-se o regime para All Inclusive, passando a ter ocupação nos 70%.
 
12. Em 2012/2013 já teve ocupação a rondar os 80%. Ou seja, 120.000 dormidas, por conseguinte, o dobro da ocupação de 2010.
 
13. Em função dos animadores resultados do Verão de 2012, no final desse ano, o Grupo Pestana celebrou um contrato de exploração com os proprietários do então hotel “Colombos”, passando-o a explorar, a partir do Verão de 2013, ainda em “soft opening” – somente alguns quartos - e em apenas durante dois meses e meio, também no regime de All Inclusive.
 
14. Importa notar que o crescimento para o dobro (de 2012/2013 em relação a 2010) em termos de dormidas não é, nem de perto nem de longe, correspondente a uma tendência de aumento de turistas no Porto Santo.
 
15. De facto, os dados da Direção Regional de Estatística provam que o número de turistas no Porto Santo caiu nos anos em apreço, de 54.096 em 2010 para 50.343 em 2012 (não se conhecem ainda dados definitivos de 2013).
 
16. Como tais dados englobam os referentes ao Hotel Pestana Porto Santo, significa, se expurgarmos os do Hotel Pestana Porto Santo, que subiu consideravelmente a sua ocupação, que a perda para o destino ainda seria mais substancial.
 
17. Quer isto dizer, sem margem para quaisquer hesitações, que o crescimento Hotel Pestana Porto Santo, para o dobro, de estadias de 2012/2013 em relação a 2010, não resulta de qualquer “trend” inerente ao destino Porto Santo, mas tão somente da adopção do regime de All Inclusive que atraiu mais clientes, pelas razões que, infra, explicaremos.
 
18. Tanto foi uma opção acertada que, lateralmente, convém salientar, já foi seguida por outros. 
 
19. De facto, a partir deste ano, a outra unidade hoteleira de dimensão relevante no Porto Santo, o Hotel Vila Baleira, passou também a operar em regime de All Inclusive.
 
20. Parece deveras evidente que o regime de All Inclusive é o que melhor permite, actualmente, explorar as potencialidades do destino turístico Porto Santo.
 
21. Caso o Hotel Pestana Porto Santo não estivesse em regime de All Inclusive, não tenhamos quaisquer dúvidas que o Porto Santo não seria programado pelos principais tour operadores.
 
22. Jamais a Tui UK (Reino unido), Tui Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), Olimar, Schauinsland, FTI, e Der Touristik (Alemanha), Thalasso Nº 1, GPS e Top of Travel (França) e Solresor (Suécia e Noruega) que “alimentam” sobremaneira, as nossas unidades hoteleiras, viriam para o Porto Santo.
 
23. O que significaria que os hotéis Pestana Porto Santo e Pestana Colombos teriam, seguramente, metade dos clientes que têm em regime de All Inclusive, conforme dados do passado, que permitem, facilmente, comprovar esta evidente extrapolação.
 
24. Em termos de mais valias para o destino, esta modalidade de alojamento permite, como veremos:
 
-  Complementar a oferta do destino face a outros regimes de alojamento;
- Dinamizar o emprego a nível local por necessidade de maior número de empregados face a outras modalidades de alojamento (Self Catering, B&B, etc);
- Contribuir para a diversificação económica a nível local e regional quer através de investimento directo, aumento de compras a fornecedores locais e receitas fiscais.
  
25. Todavia, sabemos que o All Inclusive é frequentemente criticado pelo impacto negativo na economia local, devido à (deficiente) percepção dos reduzidos benefícios comparado com outros regimes de alojamento.
 
26. Tal deve-se à falta de uma rigorosa análise ao impacto do All Inclusive. 
 
27. Nos pontos infra, tentaremos demonstrar, à saciedade e cabalmente, as vantagens do regime do All Inclusive para o Porto Santo, nomeadamente, do All Inclusive dos hotéis Pestana Porto Santo e do Pestana Colombos.
 
28. Os gastos de um turista, quer em All Inclusive, quer noutro regime de alojamento, estão associados a:
a) transporte (bilhete de ida e regresso);
b) alojamento;
c) refeições;
d) entretenimento;
e) “shopping” (incluindo souvenires);
f) transporte terrestre;
g) comunicações;
h) aluguer de veículos e outro equipamento.
 
29. Parece-nos claro que, apenas no que concerne a c) refeições é que se pode assumir que os gastos dos turistas do All Inclusive, exclusivamente, fora da unidade hoteleira em All Inclusive reduzem-se em relação ao que aconteceria se a unidade hoteleira não fosse em All Inclusive – vide,pf, infra.
 
30. Como também se nos afigura cristalino que todos os demais gastos ocorrem e na mesma medida, caso o turista se encontre alojado em unidade em regime de All Inclusive ou não.
 
31. Desde logo, admite-se que a) transportes, em termos individuais, não se alteram, quer se trate de clientes para all inclusive ou para outro regime.
 
32. Sendo a passagem aérea um ganho do tour operador e/ou da companhia aérea, portanto, obtido por entidade não sediada no Porto Santo, há ainda assim uma parte do custo que fica no Porto Santo e que se prende com as operações aéreas.
 
33. Sem o All Inclusive, entre outros, não havia, recordar-se-á, certamente, dois voos semanais da Tui UK para o Porto Santo.
 
34. Portanto, tratam-se de cerca de 100 movimentos aéreos por Verão, cada qual com, aproximadamente, 200 passageiros. Logo, 20.000 passageiros.
 
35. De acordo com as taxas definidas pela ANAM, assumindo-se que têm 100 toneladas, cada avião paga €750 por cada movimento de aterragem ou descolagem e cada passageiro paga €17.86 por cada voo.
 
36. Contas feitas, em taxas com as operações da Tui OK, a entidade que gere os aeroportos arrecada cerca de € 430.000.
 
37. O que lhe permite, provavelmente, manter o aeroporto em funcionamento e pagar as remunerações dos seus funcionários, alguns deles, naturais e residentes no Porto Santo.
 
38. E apenas estamos a reportarmo-nos à Tui UK.
 
39. Com os dois hotéis em funcionamento, em All Inclusive, cerca de 50% dos passageiros que passam pelo aeroporto do Porto Santo destinam-se a uma das duas unidades do Grupo Pestana.
 
40. Logo, se as unidades hoteleiras em apreço não estivessem em All Inclusive, o aeroporto reduziria sobremaneira a sua movimentação de aeronaves e passageiros.
 
41. Entremos no b) alojamento, e c) refeições proporcionadas pelos hotéis Pestana Porto Santo e Pestana Colombos.
 
42. Devido ao facto de com All Inclusive ter o dobro da ocupação do que tinha em regime não All Inclusive, os hotéis Pestana Porto Santo e Pestana Colombo gastam mais para proporcionar alojamento, refeições e entretenimento aos seus clientes.
 
43. E têm de ter mais colaboradores.
 
44. Mesmo se o número de clientes fosse o mesmo, teria, sempre, compreensivelmente, de ter mais gastos e mais colaboradores no regime de All Inclusive do que no regime Bed & Breakfast ou Half Board.
 
45. Antes de iniciar o regime de All inclusive no Porto Santo, no ano de 2010, o Grupo Pestana teve um número médio de 57 colaboradores, dos quais 45 eram originários de Porto Santo. 
 
46. No ano de 2013, teve um número médio de 80 colaboradores, sendo 68 originários de Porto Santo.
 
47. Para 2014, estima-se que o número será de 108 colaboradores, expectando-se que 75 sejam do Porto Santo.
 
48. Por consequência, em virtude do All Inclusive, os nossos hotéis empregam mais 50 colaboradores, sendo, desses, 30 do Porto Santo.
 
49. Mas, há que contar com os colaboradores em regime de outsourcing (housekeeping e manutenção de jardins).
 
50. Em 2010, havia 20 colaboradores em outsourcing. Mas, em 2013, já ascendiam a 40, sendo 20 oriundos do Porto Santo.
 
51. Para além das repercussões directas em termos de emprego associadas ao regime de All Inclusive, dispensamo-nos de quantificar o impacto na economia do Porto Santo em resultado das remunerações que auferem.
 
52. Já que a preocupação parece ser os restaurantes, permita-nos que sugiramos que seja perguntado aos responsáveis dos estabelecimentos de restauração limítrofes dos hotéis Pestana Porto Santo e do Pestana Colombos (porque será que alguns abandonaram os seus locais de origem e estabeleceram-se nas cercanias dos hotéis?) se não rejubilam pelos proveitos que resultam dos colaboradores dos hotéis Pestana Porto Santo e Pestana Colombos, seus clientes.
 
53. E, a propósito, ousa-se, de igual modo, recomendar que sejam interrogados os proprietários de apartamentos e casas próximos dos hotéis do Grupo Pestana sobre se não estão deveras agradados com os contratos de arrendamento que celebraram com o Grupo Pestana.
 
54. É que, com os hotéis com elevada ocupação em resultado do All Inclusive, o Grupo Pestana não tem disponibilidade nos mesmos para alojar a totalidade dos seus colaboradores que não são residentes no Porto Santo.
 
55. Assim, em 2010, quando não era All Inclusive, o Grupo Pestana pagava € 22.000 de rendas, enquanto em 2013, pagou € 52.000 e, em 2014, espera pagar mais de € 60.000.
 
56. Para além dos colaboradores e do seu alojamento, segue-se quadro com os gastos (valores em euros) que o Grupo Pestana teve no último ano sem ser All Inclusive (2010) e em 2013, em All Inclusive, em comidas e bebidas, apenas referentes a alguns fornecedores da Região Autónoma da Madeira, sendo muitos deles do Porto Santo, ou, pelo menos, tendo representações e escritórios no Porto Santo, empregando aí colaboradores:


57. De acordo com os registos contabilísticos do Grupo Pestana, relativamente a fornecedores locais, em 2010, despenderam-se € 203.912 e, em 2013, € 521.662.
 
58. Ou seja, mais € 320.000, números redondos, pelo facto de se estar em regime de All Inclusive.
 
59. E tem o Grupo Pestana imensa pena que, relativamente a muitos tipos de consumos, não possa satisfazer-se nos mercados da Madeira e, especialmente, no Porto Santo, se bem que, quanto a frescos e outros produtos, tem vindo a aumentar consideravelmente a quota de aquisição a fornecedores no Porto Santo, devido a um exaustivo e mutuamente proveitoso trabalho que tem sido feito com os fornecedores da Ilha Dourada.
 
60. Julgamos que, individualmente, relativamente aos itens que se seguem, o gasto do turista é indiferente caso esteja em regime de All Inclusive ou não.
 
c) entretenimento;
d) “shopping” (incluindo souvenires);
e) transporte terrestre;
f) comunicações;
g) aluguer de veículos e outro equipamento.
 
61. Todavia, não é despiciendo o facto de, em All inclusive, ter-se o dobro da ocupação.
 
62. Significa que gastarão o dobro, em valores absolutos, em quaisquer programas de entretenimento, em shopping/souvenirs, em transportes terrestres (por exemplo, transferes), em comunicações, em aluguer de veículos e outros equipamentos.
 
63. Importaria, assim, ser medido o efeito negativo de, não sendo em All Inclusive, haver apenas metade das pessoas a gastar, fora das unidades hoteleiras, nos itens supra identificados.
 
64. Acresce, a título de exemplo, no que concerne a g) aluguer de veículos e outros equipamentos, que uma rent-a-car local instalou uma loja no interior do Pestana Porto Santo, para alugar bicicletas, motas e carros.
 
65. Seria, assim, adequado indagar pelos seus resultados nos hotéis Pestana Porto Santo e Pestana Colombos e quais seriam se os ditos hotéis tivessem metade da ocupação, que era o que aconteceria se não estivessem em regime de All Inclusive.
 
66. Em face do exposto, tendo até corrido o risco de ter faltado identificar e/ou quantificar alguns dos efeitos positivos do All Inclusive, porque são inúmeros e de importante relevância, parece-nos por demais evidente, o impacto positivo directo e indirecto do All Inclusive no Produto Interno Bruto e no Emprego do Porto Santo.
 
67. Paralelamente, no que concerne a impostos, em 2010, o Hotel Pestana Porto liquidou de IVA € 251.443, tendo, em 2013, liquidado € 870.997.
 
68. Por conseguinte, os cofres da Região Autónoma da Madeira também beneficiaram, e muito, com a adopção do regime de All Inclusive nos hotéis do Grupo Pestana.
 
69. Para já nem falar no IRS pago pelos colaboradores, nas contribuições para a Segurança Social pagas pela Sociedade e seus colaboradores, pelo IRC pago pela Sociedade e outros impostos indirectos.
 
B. Da má performance da restauração que não tem por causa o All Inclusive. Antes pelo contrário!
 
70. Tendo provado, supra, exaustivamente, os efeitos assaz positivos do All Inclusive na economia do Porto Santo, ora refutar-se-á a atribuição de “pretensas” culpas ao All Inclusive pelas quebras verificadas, nos últimos anos, na restauração do Porto Santo.
 
71. Supra referimos que o Hotel Pestana Porto Santo, em 2009 e 2010, teve 60.000 dormidas e que, em 2013, teve 120.000 dormidas (sendo o valor de 2012 semelhante ao de 2013), provando que, com o regime de All Inclusive, aumentou-se, aproximadamente, para o dobro, a ocupação.
 
72. Acima, escreveu-se também que:  “Importa notar que o crescimento para o dobro (de 2012/2013 em relação a 2010) em termos de dormidas não é, nem de perto nem de longe, correspondente a uma tendência de aumento de turistas no Porto Santo”.
 
73. E, acrescentou-se, então, que “os dados da Direção Regional de Estatística provam que o número de turistas no Porto Santo caiu nos anos em apreço, de 54.096 em 2010 para 50.343 em 2012 (não se conhecem ainda dados de 2013)”.
 
74. Ora, como o Hotel Pestana Porto Santo subiu, nestes dois anos, cerca de 2.000 clientes, significa que a perda de turistas nos restantes alojamentos hoteleiros do Porto Santo foi de, aproximadamente, 6.000 turistas.
 
75. Ainda em conformidade com os dados da Direcção Regional de Estatísticas, a estadia média no Porto Santo foi de 4 dias em 2010, 4,8 dias em 2011 e 4,9 dias em 2012.
 
76. Mas, em abono da verdade, a estadia está influenciada, em 2011 e 2012, para cima, pelas estadia do Pestana Porto Santo que é mais do dobro.
 
77. Pelo que, parece-nos razoavel considerar que a estadia média no Porto Santo, nos anos em apreço, sem o Hotel Pestana Porto Santo, rondará os 4 dias (a de 2010).
 
78. Assim sendo, a perda entre 2010 e 2012, sem o Hotel Pestana Porto Santo, no Porto Santo, terá sido de 24.000 bed nights.
 
79. Se 50% desses turistas fizessem uma refeição em restaurante fora do hotel, o que nos parece mais que razoável, atendendo à nossa experiência no Porto Santo até 2010, ter-se-ão perdido 12.000 refeições em restaurantes no Porto Santo.
 
80. Sendo o turismo do Porto Santo concentrado, como sabemos, em Julho, Agosto e Setembro, são 4.000 refeições por mês, 133 refeições por dia.
 
81. Teve o All Inclusive do Hotel Pestana Porto Santo algo a ver com a quebra dessas 133 refeições por dia entre o período de 1 de Junho de 2010/30 de Setembro de 2010 e o período de 1 de Junho de 2013/30 de Setembro de 2013 resultantes da diminuição do número de turistas em todas as outras unidades hoteleiras do Porto Santo?
 
82. Pergunta de mera retórica: a resposta é "Não"!
 
83. No quadro abaixo, consta a evolução do número de passageiros na linha marítima Funchal/Porto Santo/Funchal entre 2010 (último ano de exploração do Pestana Porto Santo sem ser em All Inclusive) e 2013, nos meses de Julho, Agosto e Setembro.
 
Passageiros Funchal/Porto Santo/Funchal - Dados Porto Santo Line

84. Comprova-se, sem margem para dúvidas, a acentuada a quebra de passageiros que perfaz 14.568 (como os dados que nos foram facultados eram de ida e regresso, assumimos, para nossos cálculos, 50% dos números) passageiros.
 
85. Quanto aos dados da ANAM, veja-se, infra, número de passageiros na rota Funchal/Porto Santo/Funchal para os meses de Julho, Agosto e Setembro, para os anos de 2010 a 2012 (não tivemos acesso a números de 2013).
 
86. Com a mesma tendência de descida da ligação marítima, entre 2010 a 2012 (iremos assumir que os dados de 2013 são iguais aos de 2012 para efeitos da explicação infra), verificou-se uma redução de 2.126 (como os dados que nos foram facultados eram de ida e regresso, assumimos, para nossos cálculos, 50% dos números) passageiros por via aérea.

87. Claro que alguns destes passageiros (marítimos e aéreos) serão residentes no Porto Santo.

88. Também, como sabemos, alguns destes passageiros têm por destino as demais unidades hoteleiras do Porto Santo, realidade já versada nos números acima.

89. Mas, todos reconhecemos que uma esmagadora maioria desses passageiros são residentes na Madeira, que vão de férias para o Porto Santo, para as suas casas, para casas alugadas ou para casas de familiares/amigos.

90. É do conhecimento comum que a maioria dos residentes da Madeira usufruem das refeições, no Porto Santo, em casa, mas alguns também vão aos restaurantes, sobretudo, ao jantar.

91. Ousamos extrapolar do seguinte modo, com base em assumpções, que julgamos corresponderão, grosso modo, à realidade, que são as seguintes: i) 90% dos passageiros de avião e barco são residentes na Madeira que vão para Porto Santo de férias; ii) fazem duas refeições em restaurantes no Porto Santo durante a sua estadia.

92. O quadro seguinte apresenta, nas diversas colunas, a queda do número de passageiros, a redução do número correspondente aos 90% desses passageiros que são residentes na Madeira que ficam em casas no Porto Santo e a quebra do número de refeições que efectuam em restaurantes (2 refeições por estadia).
 


93. Por conseguinte, há uma descida de refeições servidas nos restaurantes no Porto Santo que representa 334 refeições por dia, entre período de 1 de Junho/30 de Setembro de 2010 e período de 1 de Junho/30 de Setembro de 2013.

94. Evidentemente que poderão arguir que esta extrapolação está errada, que peca por esta ou por aquela razão, mas, conviremos que, sejam quais forem os pressupostos que forem utilizados em substituição, atingir-se-ão dados muitos semelhante aos supra apurados.

95. Assim sendo, é tempo também para perguntar: tem o regime de All Inclusive implementado em 2011 algo a ver com esta quebra de refeições servidas nos restaurantes do Porto Santo em virtude da descida acentuada de residentes da Madeira a fazer férias no Porto Santo?

96. De novo, "Não" de resposta!

97. E será que o All Inclusive teve algo a ver com a crise económica destes últimos anos e com a inerente perda do poder de compra que, inevitavelmente, fez com que i) os mesmos residentes no Porto Santo (ou até, porventura menos, em virtude de alguma emigração); ii) o menor número de residentes na Madeira que foi passar férias ao Porto Santo e iii) o mais reduzido número de turistas que ficaram nas restantes unidades hoteleiras do Porto Santo, fossem, cada vez menos, usufruir de refeições em restaurantes e, quando ainda foram, fossem, cada vez mais poupados nos gastos com as ditas refeições?

98. Uma vez mais e pela última vez: "Não"!

99. Por conseguinte, é revelador de ausência de análise mínima prévia e até insensato atribuir-se aos hotéis em regime de All Inclusive a responsabilidade pela quebra das refeições servidas nos restaurantes do Porto Santo nos últimos anos.

100. Aliás, tendo alguns clientes (que se estimam, de acordo com a nossa experiência, em 15%) do All Inclusive feito uma refeição fora do Hotel Pestana Porto Santo, afinal, ao contrário do que se ouve, sem um mínimo de fundamento factual, os mesmos acabaram por atenuar a queda provocada essencialmente pela redução de refeições a turistas provenientes de outra unidades hoteleiras, de refeições a residentes na Madeira em férias no Porto Santo e até de refeições a residentes no Porto Santo.

O texto supra apenas refuta a ideia, no nosso modesto entendimento, errónea, que se pretende “passar” sobre os efeitos negativos para a economia do Porto Santo, resultantes do All Inclusive, da forma o mais objectiva e concreta possível. Não cuida, voluntariamente, da oportunidade, da bondade, da legitimidade, da legalidade ou da constitucionalidade de uma eventual taxa sobre o alojamento em All Inclusive. 

Esperamos, deste modo, ter contribuído para a identificação e mensuração das repercussões que o All Inclusive tem para a economia e emprego do Porto Santo. Não obstante, estamos à Vossa inteira disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que repute de necessários e/ou convenientes.

Agradecendo a atenção, com os melhores cumprimentos.

Paulo Prada - Administrador

10 comentários:

Anónimo disse...

100 pontos...já parece os escritos do hoteleiro do molhe da Pontinha, o devedor príncipe Renato.

Anónimo disse...

Muito bem respondido e fundamentado!
Todos nós sabemos o que é ser servido num restaurante no Porto Santo...(até se morre de fome à espera). Isto foi o melhor que pode ter acontecido ao turismo no Porto Santo. Eu sei que se for para esse hotel, terei um pequeno almoço, almoço e jantar, à escolha, onde poderei banquetear-me com tudo. Se for comer a um restaurante no Porto Santo, sei que serei mal servido e terei que esperar que o empregado acabe de dormir a sesta. Se estão às moscas, é por vossa culpa!

Anónimo disse...

Isso é muito argumento - e dos bons - para o Menezes.. Portossantenses acordem!!!!!!

Anónimo disse...

Embora possam ter razão, nestes 100 pontos denotam algum esquizofrenismo. Quem de facto redigiu, que não foi quem o assinou, deveria ter algum acompanhamento psicológico. Be ware !!!

Anónimo disse...

Pestana, o grupo que se aproveita do analfabetismo de um trabalhador para o despedir. Felizmente, ainda há leis e tribunais para corrigir as práticas do grupo onde trabalha o dr. Prada.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/12b6eb323b34803d80257ce4002e8282?OpenDocument

JP disse...

100 argumentos muito bem explicados. Querem mais? Continuo a dizer All inclusive tem toda a razão de existir no Porto Santo.

Anónimo disse...

-All inclusive devia ser opção e não obrigação .
-Ninguém está a proibir o all inclusive. Apenas uma taxa por dormida, como em vários pontos turísticos, para contributo de infra-estruturas , como arruamentos, recolha de resíduos, jardins públicos , etc. Perguntem aos agentes de viagens que tipo de taxas existem por aí fora. Ainda hoje no JM a Intertours publicita a Ilha da Boavista com uma taxa de 2€ por dormida em qualquer hotel.

Anónimo disse...

Em vez deste artigalhaço, era mais fácil cingirem-se à ideia chave:
"Se o all inclusive for aprovado, o Grupo Pestana deixa cair as operações hoteleiras no Porto Santo"

Anónimo disse...

é verdade que nas tuas ferias ficas-te alojado em Unidades de Alojamento não licenciadas?

Luís Calisto disse...

Não.
Se o senhor acha que é importante saber, é simples: como não tenho casa no Porto Santo e partindo do princípio de que não andei a dormir na areia ou numa daquelas casas em ruínas na Serra de Dentro, o cavalheiro trate de saber se tenho o nome registado em alguma unidade hoteleira. Se nas datas em causa não aparecer esse registo, então devo ter usado estada paralela.