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terça-feira, 23 de junho de 2015

Eterna Glória do Nacional





HILÁRIO PINTO, FUTEBOLISTA E CAVALHEIRO


Não chegámos a ver jogar aquele cavalheiro de fino trato com quem falámos um dia na sala dos despachantes da Alfândega, mas parece que estamos a 'visionar' lances daquelas tardes de Marítimo-Nacional de 'arrancar castanheiros' no Campo dos Barreiros, quando ainda de terra, tendo por protagonistas o central preto-branco Hilário e o avançado-centro verde-rubro Chino. Imagens transmitidas e impressas nas memórias pela narrativa de ambos os famosos jogadores dos anos 40 e 50, quando contavam histórias que viveram bem por dentro.




Parecia mistério. António Tremura 'Chino', então a desabrochar para uma carreira que faria história, destroçava as defesas que lhe apareciam pela frente. Os centrais adversários dormiam mal nas vésperas quando tinham de o enfrentar, e não apenas os dos clubes madeirenses. Que o contassem as Torres de Belém e os defesas internacionais do Benfica, Porto e Sporting. Todos provaram a poeira dos Barreiros, à roda de Chino. Um fenómeno. 
Mas outro fenómeno interessante ganhou foros de cartaz nas tardes de domingo: quando Chino se deparava com a marcação do médio-centro do Nacional Hilário Pinto, acabou-se o show. Hilário era homem sóbrio, de poucas palavras, era o cavalheiro que tivemos a honra de conhecer naquele dia em que lhe ouvimos histórias coincidentes com as que Chino nos contava. Um médio-centro sóbrio, mas quase cem por cento eficaz com o avançado-centro contrário, mesmo que se chamasse Tremura 'Chino'. 
Os adeptos, quando em dia de Nacional-Marítimo subiam para os Barreiros - rectângulo pelado então no sentido leste-oeste -, detinham como símbolo para cada derby o duelo Hilário-Chino. Que era um espectáculo dentro do espectáculo. Mas todos desciam sem ter conseguido descobrir o porquê do famosíssimo avançado maritimista ficar amarrado ante a autoridade de Hilário na sua zona. 
Hilário Pinto explicou mais tarde. Sabia trabalhar psicologicamente o adversário. Sem violência nem insultos. Antes mostrando um à-vontade para enfrentar o Marítimo que por vezes não correspondia ao estado de espírito do momento. Dava resultado. O grande avançado verde-rubro e mais tarde do Benfica não atinava com defesas convencidos.
Chino marcou golos contra os alvi-negros, obviamente. Mas para o conseguir precisava de mudar de posição, procurar pontos do terreno fora das vistas do eficiente central Hilário, esteio nacionalista de classe que um dia foi chamado pelo Benfica.
Hilário Pinto deixou história nos anos em que vestiu a camisola do Nacional. E há tanto por contar daquela época áurea do futebol madeirense. Depois do abandono, continuou a ser um símbolo do seu clube e do Desporto madeirense, pela sua filosofia de praticante e adversário leal e firme.
Hilário Pinto morreu, deixando-nos uma imagem de homem íntegro e sociável, própria das Pessoas que ficamos a conhecer ao primeiro encontro. 
As nossas condolências à Família enlutada.

3 comentários:

Jorge Figueira disse...

Muito bem recordado, sobretudo nestes tempos em que andam, os três clubes através dos seus dirigentes, a chegar fogo à pradaria é de enaltecer que um ex-adversário - não se confunda com inimigo - teça este elogio

Anónimo disse...

Que descanse em paz e que o Nacional formalize a sua merecida homenagem. Os nossos sentimentos à família enlutada.

Anónimo disse...

Por estes dias foi visitar um familiar ao João de Almada e enquanto andava nos corredores passou-ne um paciente que reconheci logo , era o Rocha que foi deputado do PTP coitado estava abatido e sentado numa cadeira de rodas .
Seria bom que estes que escrevem aqui fossem lá fazer-lhe uma visita não numa de ver a desgraça mais para apoiar-lo