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DEBATE NO MUSEU DE ELECTRICIDADE

NÃO DEU FAÍSCA EM PORTUGAL

Com as péssimas exibições de ontem no Museu de Electricidade, desde os entrevistadores aos litigantes, os 3 canais impuseram uma noite de 'apagão' ao País

(Foto PÚBLICO)

Não vi essa vitória retumbante que todos os comentadores especialistas na matéria atribuíram ao chefe socialista António Costa, no debate de ontem à noite.

Vi um Passos Coelho estranhamente nervoso na primeira resposta a uma pergunta de Judite de Sousa. Uma surpresa. Julgava que Passos tinha instalada uma pedra de gelo no córtex para controlo das emoções. Depois, lá baixou a temperatura e conseguiu recuperar o cinismo de sempre, arma principal do político interessado em ir longe na carreira.

Vi também um António Costa imperceptível em várias passagens do discurso, como se tivesse uma batata quente na boca.

Não vi essa vitória retumbante do líder socialista.

Mas também não vi, nem pouco mais ou menos, o primeiro-ministro sair triunfante do Museu da Electricidade, a 'casa da luz' lisboeta onde não se notou uma faísca de génio. Tudo déjá vu, repetitivo e chato como as conversas sobre a troika, o Sócrates, enfim, essa chacha toda que as televisões nos empurram para dentro de casa.

Como dizíamos no 'prognóstico antes do jogo', o cenário político em Portugal (e na Madeira, não esquecer) é um poço seco de onde ninguém consegue extrair um pingo de água. De modo que - isto é uma opinião sem objectivos de tentar desmentir os abalizados comentadores da lusa Pátria - entendo que deveria ser atribuída uma derrota a cada um dos contendores. Fazemos de conta que ambos deram falta de comparência e de caminho esquecemos os apresentadores/entrevistadores Judite de Sousa, João Adelino Faria e Clara de Sousa que tão pretensiosamente queriam fazer como os colegas lá fora e afinal se complementaram naquela barracada merecedora de uma saraivada de tomates e ovos.

Passos Coelho confirmou-se o transgressor sem arrependimento, que não esconde a sanha anti-social dos seus íntimos. Acha muito bem as arrumações de contas públicas que fez, sabendo que elas foram, de semana a semana, à custa de cortes nos salários de quem já vivia na miséria. Ora, ir às pensões buscar dinheiro, quando há buraco para tapar, até a Maria dos Anzóis sabe fazer. Não é preciso ser primeiro-ministro ou ministra das Finanças.

Da ladainha de ontem, percebeu-se que o líder do PSD e da perigosíssima coligação ainda não está satisfeito com a miséria que espalhou na Lusitânia, preparando, pelo contrário, um novo plano para reinventar o estilo de cortes no dinheiro do desgraçado cidadão.

António Costa, pelo contrário, diz que vai repor o poder de compra de pensionistas e afins, que vai reduzir a carga fiscal e que vai tornar os portugueses felizes. Só não explica o ponto elementar que é como custeará a feira de diversões. Alguém lhe percebeu uma só ideia para fazer funcionar a economia? Ele conta com a corrida ao consumo por parte dos pensionistas, esses futuros ricaços, e conta também com uma mais produtiva gradação do IRS, mas Zé Povo também conta com tanta coisa e nada lhe dá certo.

Ou melhor, Costa não fica calado, ele diz que está tudo preparado - mas remete-nos para a leitura do calhamaço que os economistas fizeram para ele. Sem calhamaço, e apesar dos experts brasileiros contratados, provavelmente os que puseram o PS a mentir por intermédio dos cartazes falsos, o homem não explica nada. 

Se Costa ganhou ontem, como ouvimos à notável plêiade de comentadores da praça, entreguem-lhe a taça. É capaz de as sondagens voltarem a sorrir vagamente aos socialistas.

Aqui para nós, tanto se dá que ganhem uns como outros - porque alguém vai ganhar a 4 de Outubro. Infelizmente, os partidos e coligações não vão dar falta de comparência. O eleitorado é que pode dar.