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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Alta Política


A GRANDE CACHA DE CAVACO

Os 9 milhões votaram no gozo, para entalar Cavaco Silva com tantas minorias por resolver. Mas, depois de anos e anos a virar frangos, ele, o PR, despachou aquele assado para as unhas de Passos Coelho, que é mais novo: "Quero uma solução rápida e estável, ahn?!"


Para os 10 milhões que vivem no País, a palhaçada já não tem graça. Há sempre números novos, mas, de tanto estarmos com a pregagem à vista, o humor banalizou-se.
Domingo passado, a populaça assistiu ao frenesim das televisões para não perderem pitada nenhuma da deslocação às urnas dos prisioneiros mais importantes de Portugal. 
Eram tantos que, da nossa parte, perdemos algumas cenas. 
Vimos Sócrates na fila, dentro da assembleia de voto, à espera da sua vez. Depois, vimo-lo fora, rodeado de câmaras, a prometer falar quando passasse o tempo de votar e chegasse o tempo de falar. Referia-se às graves acusações que pendem sobre a sua pessoa e a sua governação recente. Ao lado, de passagem, sem flashes nem gravadores à volta, vimos cidadãos comuns que não são acusados de nada. Só não morderam nenhum cão.
Também não perdemos a passeata de Ricardo Salgado, com a 'famiglia', em toada lenta, segura, com palavras de incentivo ao povo português, não com conselhos sobre o papel comercial e o Banco Mau, mas sobre a forma de se empenhar com esperança na recuperação da crise. A sério!
Parecia estarmos numa imensa penitenciária em dia de eleições para a comissão de presos da Ala H. 
Aliás, pelo andar da carruagem, estava-se em dia de eleição de futuros suspeitos e detidos com pulseira ou mesmo na Penitenciária de Évora. A ver vamos.
Tanta coisa para ver, tanta coisa para ouvir, e não ficámos a saber como estava a ser o dia eleitoral de Armando Vara nos media. E dos outros todos da mesma laia. Mas deve ter sido animado.
Quando a TV mostrava uma velhota mais ou menos bem arranjada, temíamos pela sua sorte, porque sabemos vaguear pelo Rectângulo um indivíduo perigoso acusado de 'mandar desta para melhor' uma mulher no Brasil que tinha muito de seu, logo todos os cuidados são poucos nos meandros onde ele circula.
Com tantos suspeitos à solta, esperávamos que o Presidente da República viesse deitar água fria no ambiente de tensão. Que elevasse o moral da plebe. Mas ele, em zonas onde as pessoas estavam a votar, deitou mais gasolina na fogueira. Em vez de pacificar, assumiu aquela pose granítica pós-Figueira, depois de ter ganho o congresso do laranjal. Quem não se lembra de ver o homem a dar uma entrevista na TV sem se dignar olhar uma vez que fosse para o jornalista entrevistador? Ou aquela pose de comer bolo-rei pelo nariz? Ou de comer pãezinhos quentes e leite achocolatado no Porto para dizer que a greve geral falhara, uma vez que ele tinha o que comer?
Desta vez, no dia das eleições, ele desafiava com cara de poucos amigos os jornalistas curiosos, género: vão p'rao c... mais velho que a mim ninguém pressiona. Tenho uma porra de uma solução infalível para cada cenário que possa sair destas eleições. Portanto, vão todos se f... que não brincam com o Presidente da República.
Mesmo no recato de casa, ficámos um pouco atemorizados com a firmeza do prof. de matemática, que anda desorientado desde que lhe levaram parte da miserável pensão e por causa das bocas à conta daqueles palpites na bolsa.
E não percebemos: ao mesmo tempo que ele tinha solução para qualquer resultado eleitoral, avisava que na segunda-feira ia baldar-se ao 5 de Outubro para ter tempo de estudar as soluções que se impusessem. Em que ficávamos?
Perguntamos: o Presidente da República não aparece às comemorações da República a que ele preside, e sem a qual não era preciso Cavaco nenhum a presidir a uma República inexistente?
O pior estava para chegar, neste País de alta política, uma vez conhecidos os resultados. Não, não foi sequer o caso de ver Ana Gomes chocada com o 'bigode' que a facção anti-Seguro apanhou. Ou Costa alapar-se à cadeira depois desse 'bigode', apesar de acusado por António Galamba de ter feito algo de "criminoso" ao PS e ao País. Por falar em Sócrates e em Salgado...
Indo directamente ao assunto: a grande cacha destes dias saiu da grande solução que Cavaco tinha para o futuro governo de Portugal. A solução foi chamar Passos Coelho e mandá-lo arranjar uma solução estável - rápido e curto.
Ou seja, o fulano que preside a esta coisa toda tomou uma "decisão" que o ajudante de jardineiro de Belém era capaz de tomar, e melhorada. O fulano tinha soluções para dar e vender e depois manda o outro arranjar uma solução estável!
Estamos bem entregues.
Cá para nós, desta vez estamos com os 9 milhões de eleitores. A malta dos votos gozou com esta m... toda. Vamos dar minorias a todos para aquilo dar 'briga de criar bicho' e a coisa rebentar para um lado ou para outro. E a gente ri que nem uns perdidos.
Os 9 milhões só não contavam com o traquejo do velho cara-de-pau belenense, a quem queriam ver embaraçado. 
Queimar-me com esta caldeirada?! - pensou o homem - Que se queime o Passos, que é mais novo!

3 comentários:

paulo disse...

Cavaco sabe que o PS ja pouco tem de esquerda, dai escolheu o mais facil, Passos, Portas e Costa sao todos muinto parecidos.

Fernando Vouga disse...

O que eu acho estranho é a criatura não mandar desligar os microfones. Para quê tê-los ligados, se não vai dizer absolutamente nada? Sempre se poupava alguma energia.

Anónimo disse...

Fiquei com a barriga a doer de tanto rir com esta prosa.
O meu ex-colega da faculdade Calisto estava bem inspirado.