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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Homenagem ao Mercado



BODAS DE DIAMANTE EM TEMPO DE CRISE 




Hoje há bolo para partir no átrio do Mercado dos Lavradores. A bem-amada instituição onde se comercializam produtos agrícolas e peixe completa a bonita idade de 75 anos. 
Foi em 1940 que o Dr. Fernão de Ornelas acabou com a espelunca de feira que se fazia entre os Largos da Praça e dos Varadores para dotar o Funchal e a Madeira de tão fascinante empreendimento, na zona dos Lavradores.
Cabe aqui lembrar que o então presidente da Câmara fez essa e outras obras importantes, arrojadas para o seu tempo - como a rua a que dariam o seu nome, a Avenida do Mar, a Rotunda, a Avenida do Infante e o magnífico novo miradouro do Pico dos Barcelos - Fernão de Ornelas fez tudo isso durante a II Guerra Mundial, sem dinheiro. 
Como é que isso foi possível? - pergunta-se.
O Dr. Castro Jorge tinha uma explicação: essas obras sem dinheiro foram feitas com uma pá e um cesto.
Já agora, os presidentes de câmara desses tempos exerciam o cargo em part-time, com um pagamento que dava para o café. E o Funchal tinha mais população do que de há 20 anos para cá.
Aliás, como já observámos aqui, o presidente da Junta Geral, contando com 2 ou 3 procuradores e a colaboração do Director do Porto e do Reitor do Liceu, e porque o governador era um pau mandado de Lisboa, tratava do executivo da Madeira na plenitude e fazia a sua obra com eficácia. Sem ter à sua volta uma dezena de secretários-ministros, directores regionais aos montes, adjuntos, chefes de gabinete, assessores, secretárias dos secretários, secretárias das secretárias dos secretários, adjuntos do assessor, assessores do adjunto - enfim, essa máquina toda cá na Tabanca que parece montada para governar Hong-Kong.
O facto é que as obras no tempo de Fernão de Ornelas nasceram e entraram em funcionamento - com cerimónia inaugural, é certo, mas sem o espavento que fazem hoje em dia para mostrar pela televisão um simples acrescento de beco ou uma tabuinha com o nome da vereda na aldeia.
Não esquecemos o erro de Fernão de Ornelas, como consideramos ter sido o derrube do Pilar de Bânger - torre sem beleza nenhuma, porém indissociável do histórico retrato mercantil e portuário do antigo Funchal. Mas ninguém é perfeito e aliás há muita gente que entende ter o edil de então ter feito muito bem como fez.
Vá lá que ainda reconstruíram um bocado de Pilar, que pode ser visto hoje na Avenida do Mar.
Voltando à vaca fria, hoje é dia de festa no Mercado dos Lavradores. Merecida. É ali que encontramos produtos frescos e com preços em conta, já que os comerciantes são pressionados pelas 'promoções' das grandes superfícies. Então, os preços baixam no Mercado. E é precisamente neste contexto que a Sra D. Câmara carrega na mensalidade dos comerciantes. Aquilo é tudo rendas de 4 mil euros ao ar. Com os 'milhos fritos' para condomínio e IVA, os negócios entram mensalmente com uns 6 mil deles.
Está tudo tonto.
E daí os estabelecimentos fechados, como as fotos aqui abaixo mostram.
Por sorte, há sempre uns malucos que querem arriscar o impossível, pelo que há barracas fechadas mas em remodelação, para reabrirem com novos concessionários. Até ver.
Digamos que a festa de hoje correria melhor com barracas a funcionar em pleno e com alguma clientela.
Registe-se, apesar de tudo, a dignidade que os responsáveis municipais estão a dar à simpática unidade, com festejos acolhedores. Pode ser que, inspirados por estas Bodas de Diamante, eles voltem atrás, à dignidade de impedir um mercado tradicional como é o nosso rendido às quinquilharias de mercado chinês, porque para isso há espaços próprios noutras partes da cidade. 







4 comentários:

Jorge Figueira disse...

O PASSADO É LINDO. ALGUÉM NOS FALA DO FUTURO COM PÉS NA TERRA QUANDO FALA?

Anónimo disse...

O Mercado dos Lavradores está em declínio na sua vivacidade e autenticidade. Chega a ser atroz, a actual Câmara comemorar assim esta festança hipócrita, quando é esta mesma Câmara que promove a morte do Mercado e envia para a miséria dezenas de pequenos comerciantes que davam vida e colorido àquele icónico espaço.

Anónimo disse...

Esta câmara está a destruir o Funchal .começaram com a retirada dos parcometros da baixa ,prejudicando o comércio e restauração
e colocando lambretas tornando a Cidade ruidosa e poluída.
Andaram estes dois anos a viajar,tratar das vidinhas pessoais,
etc,etc,.Enfim não têm capacidades para governar uma Câmara como o Funchal.O Povo já de apercebeu e na altura certa mudará
as pessoas e o Rumo desta miserável gestão.

Anónimo disse...

Foram os proprios comerciantes gananciosos do mercado que lecitaram elevados valores para obrigar os colegas honestos a desistir dos seus postos, agora é vê-los no mercado a perseguir turistas com produtos importados e em mau estado a cobrar valores absurdos e a destruir o que o Madeirense lavrou com suor e sangue