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sábado, 19 de dezembro de 2015

Lição de ciência política no Congresso do PP






FONSECA DE UMA CAJADADA
CORRE COM OS DOIS CONCORRENTES





Tapona em Ricardo Vieira, carícia para adormecer Rui Barreto - e a liderança do PP está no bolso de Lopes da Fonseca




Lopes da Fonseca arrancou subtilmente há 3 semanas para uma corrida na qual nunca sonhara participar. Estudou as posições dos beligerantes no campo de batalha e entrou preparadíssimo para o congresso deste fim-de-semana.
Nunca vimos coisa igual em tantos congressos a que assistimos, cá e no Rectângulo. Mal tinham começado os trabalhos, Lopes da Fonseca já tinha 'arrumado' uma candidatura perigosamente credível à sucessão de José Manuel Rodrigues, aquela que tinha Ricardo Vieira como mentor. 
Criando uma polémica virtual à volta de uma revisão de estatutos elaborada por Ricardo Vieira, Lopes da Fonseca provocou o temporal que interessava à sua estratégia. O congresso deu razão a Fonseca e Ricardo Vieira saiu da sala com a sua claque, deixando de constituir um problema.
Lopes da Fonseca tinha ainda no caminho o jovem pretendente Rui Barreto, até há bem pouco tempo considerado indiscutível futuro líder. Como o afastar? Simples: pela persuasão. Rapaz novo que é, Barreto ouviu repetir em público palavras que Fonseca lhe segredara nos últimos dias: unidade mais unidade, primeiro o partido.
Então, Barreto aceitou retirar a moção, como Ricardo Vieira fez. Era um sinal de unidade.
E pronto: Lopes da Fonseca não precisou de correr muito para ter agora o partido na mão. Bastou-lhe pôr em prática qualidades de estratego que francamente lhe desconhecíamos.
Ei-lo líder do Partido Popular.
Mais do que a retirada de Ricardo Vieira/João Catanho, causa impressão o caso de Rui Barreto. A quem bastou ver aparecer há semanas uma facção a disputar-lhe a liderança - a de Ricardo Vieira - para entrar numa espiral descendente que acabou neste estrondo.
Mas ora, mesmo depois de, nos últimos tempos, ter decepcionado quem acreditou nas suas possibilidades como político de futuro - o nosso caso - Barreto teve hoje ocasião de recuperar das várias calinadas que cometeu, e tomar conta do congresso e do partido. Bastava-lhe aproveitar o abandono de Ricardo Vieira/João Catanho para se posicionar num frente-a-frente com Lopes da Fonseca, por mais que tenham concertado posições 'unitárias'.
Tinha discurso para aplicar quando o líder parlamentar apelou para o seu sentido de unidade, retirando a moção. 
Um consensualista, Fonseca? Depois de fazer um finca-pé inútil com Ricardo Vieira? Depois de o vilipendiar em intervenção feita no palanque enquanto o antigo chefe popular saía da sala com os seus apoiantes? 
Sem Ricardo Vieira em cena, Lopes da Fonseca poderia mostrar desejo de unidade afastando-se, ele sim, da corrida. Para que Rui Barreto chegasse à liderança, já que o congresso estava do lado deste último, apesar de tudo.
Ah, mas Fonseca também vinha dizendo ser desaconselhável Barreto avançar já, que era bom evitar que se 'queimasse' tão cedo. E que ele, Fonseca, só queria ser líder de transição para deixar o cargo a Barreto em 2018, ou coisa que o valha.
Já o chefe Jardim passou 25 anos a dizer aos delfins que não se candidataria ao mandato seguinte...
...Mas qual transição? Isso foi Madruga da Costa, que tramou definitivamente o PSD-Açores. 
Queimar? Queimar é ficar numa posição secundária mas com responsabilidades na derrapagem do partido, porque não se prevê futuro nenhum para o PP.
E com um murro em cima da mesa Barreto anunciava listas para os órgãos e anunciava a sua liderança para trabalhar quatro anos de modo a chegar às regionais de 2019 em condições de disputar ombro a ombro eleições com os maiores partidos da Madeira.
Se, por absurdo, Fonseca ganhasse a Barreto este domingo, nas urnas do congresso, a vida continuava e o ex-deputado de São Bento ficava com movimentos livres para programar a candidatura ao próximo congresso - labutando na situação cómoda de voz crítica.
Mas, na chamada hora da verdade, Rui Barreto claudicou outra vez. Não conseguiu esconder uma fragilidade pungente que vinha denotando há mais tempo.
Caro Rui Barreto, para já não se livra da imagem de flop dos flopes. Esperemos que dê a volta com urgência.

Na disciplina de técnica política, com recurso à acção psicológica e à sempre útil retórica, Lopes da Fonseca sai como um claro vencedor deste congresso. A menos que um golpe de teatro de última hora venha anular a fatalidade, o que - desculpe, Fonseca - não seria mau para o PP. A sua perspicácia de novo chefe chega-lhe também para reconhecer, lá no íntimo, que o Partido Popular está feito um órfão que nem padrasto encontrará nos próximos anos.
A consolação é que este PP não é o primeiro partido a quem isso acontece na Madeira.

11 comentários:

Anónimo disse...

Estou certo que Lopes da Fonseca haverá de captar imensos votos, a começar pelo senhor da pizzaria da Atalaia.

Anónimo disse...

Temos um segundo PS-M! Enfim, como é de conhecimento geral, não é o PSD que ganha eleições na Madeira! É a oposição que as perde!

Anónimo disse...

Vieira devia ter ficado na sala. perdeu por um voto. Democracia é assim. Mas não devia apresentar o cunhado pois perdia redondamente.
Barreto recuou, pois não se quer chatear. Política é uma chatice e CDS vai a caminho do fim

Anónimo disse...

Grande Lopes da Fonseca, ele e o estratega Mário Pereira. Tudo igual neste partido, um idóneo Lino Abreu o mais sério dos sérios, juntasse a jovem Isabel Torres. Para mais um fraquinho Barreto, Flop completo.
o partido governado pelo amável democrático Lopes. Mas que tragédia Grega.
Já agora, o que vai fazer Ricardo Vieira no parlamento? Será independente?

Anónimo disse...

Grande Lopes.o CDS é o maior partido do mundo...

Anónimo disse...

Vai uma aposta que o lino abreu continua a "cuidar" das contas do partido?!

Anónimo disse...

O Rui BArreto retirou-se para o Lopes da Fonseca ganhar o partido? MAs afinal isto tá tudo louco? E o partido? O Lopes da Fonseca vale pouco mais que zero e vai levar o partido ao fundo. Rui Barreto também vai ser responsável por isso.

Fernando Vouga disse...

Ao anónimo das 04:06

"vai levar o partido ao fundo"

Tal não vai acontecer porque o partido já lá está há muito tempo.
O aparente sucesso obtido por Rodrigues deveu-se a muitos simpatizantes do PSD terem votado CDS para correrem com Jardim. Uma vez removido este senhor, o eleitorado voltou ao normal.

Anónimo disse...

José Manuel foi o líder que alcançou o resultado histórico do partido...Agora è sempre a descer...A transição de Lopes da Finseca será para o fim..e o regresso a Salamanca !

Anónimo disse...

Mais uma vitória para o PSD. O governo albuquequista pode continuar o seu passeio no parque.

Anónimo disse...

Contribuí,votando, para a ascensão do CDS, mantive-me quando começou a descer, acreditei que com Rui Barreto íamos voltar a subir. Afinal este acha que unidade é um prato de lentilhas. Dize-se que vai fazer o seu próprio caminho. Qual ? Levar o CDS a cds e depois subir 100 %, de 1 para 2 ou 2 para 4 ? Vou mudar de ares e talvez reforçar o laranjal,porque nem quero imaginar o que será a governação da Madeira com um PSD minoritário e um cds tipo partido da bicicleta.