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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ferreiros 'mal pagos' na casa da Cultura


O nosso K-Kultura tenta uma incursão pelo mundo da Arte, vertente teatro. E não se sai nada mal. Foi só dar uma olhadela ao vespeiro da Rua dos Ferreiros e teclar.


Diálogos fundidos

- Olha lá: onde é que foste?
- Ia, mas não cheguei lá. Queria ir ao ABM, li no diário que era lá a biblioteca, mas ninguém me soube indicar o caminho, nem os taxistas sabiam. Por isso vou deixar para outro dia, talvez vá nos horários de Santo António.
- ABM? Mas o que é isso? É alguma nova marca de travões, é loja de carros?
- Cá nada, disseram que é onde está a Biblioteca Pública Regional, aquela grande, e eu queria ir lá levantar um livro.
- Ah, já percebi. Isso é na Penteada, é o edifício onde está a Biblioteca e o Arquivo. Podes lá ir na mesma, só que tens de dizer o nome antigo. ABM ninguém sabe o que é.
- Mas então como é que inventam um nome desses que o povo não percebe?
- Ora, é fácil: é que agora os organismos e nomes do governo, departamentos oficiais, institutos, etc., foi quase tudo fundido, incluindo boys and girls: eles misturam umas coisas com as outras e depois dizem que sai mais barato, tipo dois em um.
- Mas também fizeram isso na cultura?
- Pois na cultura é que foi! Não vês que até a sede da cultura fica na rua dos Ferreiros?
- Não percebo o que tem o rabo a ver com as calças…
- Então? O que é que faz o ferreiro? O ferreiro martela, aquece, martela, faz amálgama, funde, e aparentemente faz surgir coisas novas. Já visitaste uma oficina de ferreiro? Isso quase não existe hoje em dia, mas havia antes lá nessa rua, daí o nome. Mas agora a única fundição que resta é mesmo a da cultura.
- Ah sim? Isso parece bastante estranho. Fundir, fundição, cultura… mas como é isso?
- Então, vê se percebes: o trabalho destes tipos e tipas que mandam agora é pegar no ferro velho e nos antigos materiais, levar ao lume e à bigorna, martelar, amassar, aquecer, quebrar, aquecer e martelar de novo, e depois colocar na montra, ou seja, nos jornais, novos formatos de coisas antigas. É tudo a mesma coisa, mas fundido, de modo a parecer a invenção da roda. E sabes que aqui no burgo a vilhoada sempre se pelava pela novidade, já no tempo da velha senhora, mesmo que debaixo de novos panos a carne estivesse rançosa.
- Bem, já começo a perceber então as notícias que têm saído…
- Pois claro, então não vês? É por isso que as coisas demoram imenso a aparecer: eles têm que levar a matéria ao rubro, têm que martelar e inventar muito, novos desenhos, ferro velho e muita martelada, e sobretudo têm que fundir o juízo àquela gente toda, aos que mandavam antes e aos que vão mandar agora: é um trabalho de fundição que nunca mais acaba, e o pessoal que anda lá já está completamente fundido, muitos deles nem para cascos de cavalo servem, tão fundido que já têm o miolo!
- Olha lá, só me resta uma pequena dúvida. É uma questão de português, mas como eu não cheguei a ir à biblioteca… Diz-me uma coisa: como é que se escreve fundido: é com O ou com U?
- Claro que é com O: é com O, e um F grande, de lua de mel.

Nota do Fénix - Perante o estado de coisas, está claro que, naquela casa dos Ferreiros, espeto de pau. Ou, para sermos ainda mais claros, fundidos e mal pagos.  

5 comentários:

Anónimo disse...

Tão fundido com "o" que nem quem tá dentro sabe a quantas anda. Os travões são bons que pararam tudo com tanta novidade velha e sem meios para fazer acontecer como se apregoa. Faz lembrar a do autocarro que foi 3 vezes para os lados da Calheta. Na penteada acontece um velório a aguardar inovações velhas.

Anónimo disse...

Está tudo "Fundido" e não é só na rua dos Ferreiros. No Golden é a mesma fundição!

Amiga do ABM disse...


Fundidos e mal pagos estão alguns… os funcionários deste
milénio do ABM, esses com certeza que estão! Porque os funcionários do milénio passado estão
muito bem, chegaram ao topo de carreira em menos de 15 de serviço e ganham milhares de € sem fazer 1/10
dos que os novos fizeram e continuam a fazer, os jovens funcionários ganham o
mesmo que há 10/15 anos... mas isso é outra história.


Outra história é também o facto dos funcionários do fundido
ABM terem controlo de assiduidade com 2 cartões, registo biométrico (impressão
digital) e câmara de videovigilância na porta de entrada. E os funcionários da
cidade, quer da DRC quer de outros serviços públicos? Esses passam o cartão e o dedinho (nos serviços onde se faz esse controlo) e voltam a sair para fazer as suas “voltas” e quem sabe ganhar mais
algum na placa central.
Tá-se bem na cidade!


Outra história é a orgânica cambada da DRC. Então a
Secretaria Regional da Economia e Turismo…. e Cultura, já me esquecia da
Cultura (perdão… mas outros também se esquecem!) tem direcções regionais com 5 e
6 direcções de serviço e mais o dobro das chefias de divisão, mas para a Cultura,
apenas 2 direcções de serviço e 5 chefias de divisão: a direcção dos museus com
as 5 chefias de divisão e a outra direcção (ABM) fica coxa sem nenhuma chefia
intermédia. Pois é....para o ABM, um serviço com mais de 90 funcionários (meu Deus, há direcções
regionais com metade dos funcionários), apenas um director de serviço e recauchutado!!!
E ainda por cima há serviços no edifício sede da mesma Secretaria que quase têm mais
chefes que funcionários! É uma vergonha (querem efectuar cortes? que o façam em
todos os serviços e acreditem que há muito por onde cortar... que tal começar pelos "funcionários" que nunca colocaram os pés nos serviços e recebem o seu no dia 25...porque ex-secretários regionais os colocaram no payroll, mas esta é uma outra história).
Mas uma vez mais, o ABM foi bem fundido e com O bem grande!!
Na
cidade é que se está bem!


Tudo isto serve a alguém certamente… para quê que se quer um
serviço de Cultura capaz e que funcione? A verdade é que em terra de povo
superior, não se quer que ele seja culto! Seria demais se o povo pensasse
também! Uma heresia!

Só o facto de, desde quase sempre, este sector ter estado
dependente do Turismo (??!!) já diz muito das mentes iluminadas dos anteriores
e dos actuais (des)governantes desta ilha.





Relembro que no passado ganharam-se eleições à custa dos
votos dos funcionários públicos aqui na Região, suspeito que nas próximas
eleições a história não se vai repetir...e mais não digo que o comentário já vai longo.

 

Precisamos de Cultura e não de CUltura!

 


P.S. - Sr. Calisto, muito obrigado por este espaço para
afogar as nossas mágoas e dizer algumas VERDADES. Bem sabe que comunicação
social desta terra, já lá vai quase 1 ano, que anda CEGA, SURDA e MUDA!!!

Anónimo disse...


não é só os funcionários da ABM que ganham o mesmo que há 15 anos e trabalham 10 vezes mais que os de topo, isso passa-se em geral na administração pública regional,

Anónimo disse...

Se fossem só 15 anos... e os que têm mais de 20???