Powered By Blogger

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O Santo



 

A Guerra na Política Pessoal tem semelhanças com a Guerra entre Países, inclusive a primeira também por vezes descarrila para agressões físicas.
As causas do Conflito (incluindo a Guerra) são: Medo (i.e., defender o que tem); Lucro (i.e., obtenção de coisas); Glória (i.e., mostrar a sua superioridade); e Faltas de Respeito (tais como sinais de ódio ou desprezo).
Cada contendor, pelo Conflito, pretende impor a sua Paz: ausência de guerra nas condições que a Paz permita a obtenção de seus objetivos ou desejos[i].

O estado de Guerra inicia-se quando há vontade em combater ou ausência de um poder que mantenha os indivíduos em respeito, tal como Hobbes descreve:
“Com isto se torna manifesto que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida. (…) Todo o tempo restante é de paz.”
THOMAS HOBBES DE MALMESBURY, LEVIATÃ ou MATÉRIA, FORMA E PODER DE UM ESTADO ECLESIÁSTICO E CIVIL,

A Guerra é:
Sem dúvida a guerra é a pior das calamidades. Em certos povos todo o sentimento humano desaparece, o instinto da fera se faz então sentir, vê-se tudo vermelho e não se é verdadeiramente feliz que depois de ter assomado sobre o inimigo todas as paixões e apetites sanguinários. Não se conhece mais nem a piedade nem o perdão, nem compaixão, nem benevolência qualquer. O coração está a tal ponto endurecido, que nenhuma pulsação qualquer de caridade não bate mais a favor do adversário infeliz.”
In Prefacio de “As Crueldades Inglezas por um Neutro”

Sim, a tendência de evolução da Guerra é extremar as posições; no início até poderiam ser povos irmãos, mas no final serão inimigos que quase cortam a sua mão para tirar um braço ao adversário. Isto significa que a evolução da Guerra faz com que as Regras deixem de ser aplicadas.
A máxima “prepara-te para o Inimigo, não pela eventualidade de vir, mas por que ele vem” é adequada também à Guerra Pessoal.

Hesíodo nomeia os filhos de Éris: a Discórdia. Penso que os efeitos da Guerra Pessoal são semelhantes a esses filhos:
“Depois, a Discórdia odiosa deu à luz a Fadiga dolorosa
e o Esquecimento, a Fome, as Dores que trazem consigo o Pranto
e as Batalhas, as Guerras, os Assassínios, os Massacres,
as Querelas, os Enganos, as Falas e as Discussões,
a Desordem e o Desvario, que andam sempre juntos,
e o Juramento, que para os homens que habitam sobre a terra causa
a maior das ruínas quando alguém voluntariamente perjura.”
Hesíodo, Teogonia

Saliento que:
“Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais. A justiça e a injustiça não fazem parte das faculdades do corpo ou do espírito.”
THOMAS HOBBES DE MALMESBURY, LEVIATÃ ou MATÉRIA, FORMA E PODER DE UM ESTADO ECLESIÁSTICO E CIVIL, Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva

Quanto à segunda oração, penso que a justiça faz parte da Guerra Pessoal na medida em que tem espectadores, juízes, aliados, etc… e o próprio individuo. Adam Smith declara que a Virtude é o modo de proceder para obter o apoio dos outros e o seu próprio.
 Relembro o custo de mentir é não mais voltar a acreditar em ninguém… e isso não é Viver. Assim, um dos custos de cometer injustiças é para sempre recear que as cometam contra si. Os justos previnem-se contra a injustiça mas não deixam de dormir ou de viver por causa da eventualidade de a sofrerem.
Mais ainda, até os ladrões inventam razões para roubar: “o gajo tem muito”, “ele bate na mulher”, “ele explora os trabalhadores”, “não lhe faz falta”, pelo que as injustiças conhecidas propiciam o aumento de ataques pois diminuem o custo Moral dos adversários e dos seus aliados.



Eu, O Santo


[i] Esta definição de Paz também existe: "Aquele que constituiu a paz para os seus fins" (Sl 147,143). “Deixo-vos a paz. Dou-vos a minha paz.” (Jo 14, 27)…


Sem comentários: