Pós-Autárquicas

Derrota do CDS-PP exige debate

de militantes, ex-militantes e simpatizantes

João Catanho

As eleições do passado dia 1 de Outubro, foram o primeiro grande teste à atual Direção do CDS/PP-Madeira. O exame é composto por duas partes: eleições Autárquicas (2017) e Regionais (2019). 

O resultado foi um claro chumbo e cartão amarelo mostrado pelos eleitores e militantes deste Partido. 

Os números e os factos falam por si. Os números mostram, na globalidade, uma perda acentuada de votos, especialmente no Funchal e no ex-«baluarte» Calheta.  Passou de 13 para 9% e perdeu na Região 5.133 votos em relação às autárquicas de 2013. Na maioria dos Concelhos, além de ter uma pesada derrota, quase desapareceu do «mapa partidário» no Porto Moniz, São Vicente, Ribeira Brava (com coligações pseudo-independentes), Porto Santo, Machico e Santa Cruz . As excepções foram a Ponta do Sol e a esperada vitória em Santana.

   No Funchal houve um decréscimo de 3009 votos (6%) na Câmara,  num universo de mais 3000 votantes,  perdendo 2 membros na Assembleia Municipal e 7 nas Assembleias de Freguesia. O candidato à Câmara do Funchal obteve menos 385 votos comparativamente aos «cabeças-de-lista» às Assembleias de Freguesia, e menos 639 votos para a Assembleia Municipal. Baixou a sua representação na Assembleia Municipal em cerca de 40%  e 37% nas Assembleias de Freguesia.

   Olhei, com preocupação, para a reacção dos dois principais dirigentes na noite eleitoral, e só me veio à cabeça a analogia feita pelo meu amigo Gilberto Teles - quando um General Iraquiano, na fase final do cerco e derrota do seu regime, ouvindo-se o rebentamento de bombas que faziam estremecer a sala da sua conferência de imprensa, este “cegamente” falava numa vitória sua e derrota expressiva das “forças aliadas”.                      

   Os factos estão aí, o presente está aí, e esta foi uma clara derrota do candidato ao Funchal, comprometendo o Partido. Foi o culminar de uma táctica individualizada e pessoalista, onde o narcisismo ultrapassou os reais objetivos do CDS. Uma táctica, que depois dos factos sobejamente conhecidos no último congresso passou pelo controlo da inscrição de novos militantes, expulsões  de vozes incómodas, violação de normas estatutárias, bloqueio do debate interno. 

O Partido fechou-se e centralizou-se ainda mais, em vez de aproveitar um claro «desnorte» do PSD. Cristalizou-se à volta de duas pessoas e não soube caminhar ao encontro da sociedade civil criando um clima de proximidade ao eleitorado e, sobretudo, devolvendo-o à suas bases.

    Pessoalmente, continuo com a mesma determinação em fazer acontecer CDS, quero contribuir humildemente para a construção, mudança, solução, e não ser o problema, como insistentemente e por força da «censura» me têm feito passar.

    Aproveito esta oportunidade, não para falar do futuro próximo (2019 está aí ao virar da esquina), mas, apenas e só, para fazer um apelo a todos os militantes, ex-militantes e simpatizantes, para não se deixarem «adormecer» na politiquice interna do «chutar para a frente». Reflictam, debatam e sobretudo exijam responsabilidades a esta liderança a dois. Não se conformem apenas com «operações de cosmética» da liderança do Grupo Parlamentar. Façam acender a chama, identidade e doutrina deste grande partido que já foi o CDS – o maior partido da oposição na Madeira.