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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017



Distintíssimas

João Barreto

Na última escandaleira que assolou o país avultou a distintíssima lata da senhora presidente de uma IPSS que a usava a seu bel-prazer para comprar vestidos, gambas, carros de luxo e quejandos e, por cima, auferia um salário milionário ao qual juntava despesas várias e os vencimentos do seu agregado familiar.
A questão a abordar não é o que foi revelado pela TVI e demais órgãos de comunicação social. Tarde ou cedo, os órgãos de justiça lá chegarão e farão a justiça que se impuser. Lá estaremos para avaliar o trabalho que fizerem, se o fizerem.

O ponto é o que fazem os cidadãos, neste momento, perante mais uma verificação de que associações que tínhamos por altruístas e desinteressadas são, afinal, veículos de promoção dos seus dirigentes e, pior ainda, servem-lhes de fonte de rendimentos absurdos e injustificados.
Por mim, faço afirmação solene de que, ainda que possa ser injusto para as pessoas que voluntária e graciosamente trabalham em causas solidárias, nunca mais contribuirei com um cêntimo que seja para qualquer peditório. Quando quiser ser solidário com alguém irei diretamente ao beneficiário e desconfiarei, à partida, de toda a atividade dita social.

10 comentários:

Luís Calisto disse...

Caro João Barreto
Permita-me duas palavras e assim ajuda-me a dispensar um artigo sobre estas 'raridades'.
Concordo com tudo o que diz. Mas admiro-me que não tenha visto o que se passa, mesmo cá, antes da reportagem da TVI. Há muito que deixei de assistir com donativos, por várias razões. Pedidos para a Saúde são absurdos, porque essa é uma área a tratar pelos governos, sem dependência das esmolas do cidadão. Depois, porque só quem não conhece certos espécimes que se acobertam no papel de beneméritos voluntários ao serviço dos doentes, toxicodependentes e pobres, só quem não os conhece pode acreditar em (algumas) ONGs e associações de caridade. Uma máfia de todo o tamanho capaz de fazer os peditórios e meter as dádivas num armazém durante 5 anos, até estragar tudo, marimbando-se para quem precisa delas. Quanto aos donativos em dinheiro, muito menos chegam ao destinatário, como é óbvio. Deviam ser todos investigados até à medula e com efeitos retroactivos.
A propósito de investigação...
Muito bem, a investigação da TVI. Muito bem, o jornalismo de investigação. Mas veja-se que são jornalistas a fazer o trabalho de outros. Que fazem as polícias e os tribunais enquanto lhes tratam da papinha toda? Vão editar e apresentar o 'Jornal das 8'?
Que raio de Estado, caro João Barreto.
Quanto à senhora das Raríssimas: diz ela que dorme descansada. Pudera! Quem faz daquilo não tem escrúpulos nem insónias. Ou será que se quer dizer de consciência tranquila? Mas quem consegue dormir sabendo que lhe 'inventaram' e atribuíram um escândalo daqueles? Sim, quem não deve não teme nem treme. Mas até se saber que não deve mesmo.
Depois, diz a dama que o rigor na gestão da instituição era a sua paixão. E não se lhe pergunta de onde lhe vinha a massa para as gambas, os popós, as viagens de luxo, as mordomias e dinheiros para ela e família até à quinta geração? Viria do rigor?
Caro João Barreto, parabéns pelo oportuno artigo e pela sua abordagem à 'solidariedade nacional'... com todas aquelas figuras altruístas e 'Distintíssimas'.

Anónimo disse...

Todas as entidades que recebem subsidios do Estado devem publicar as suas contas e os recibos correspondentes.
Há uns tempos, aqui no fénix alguém (infelizmente não me lembro o nome do senhor) publicou um artigo a alegar que existem associações apoiadas pelo Governo regional (nomeadamente a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais) que continuavam a receber embora as suas contas não tenham sido publicadas.
Pelo que percebi, essa publicação é obrigatória por lei.

Anónimo disse...

Eu não dou para peditórios porque pago um elevado valor em IRS. Cumpro o meu dever como cidadão solidário.
Outra razão é, tal como diz o Calisto, corrermos o risco de dar para fins que não são os de benemerência.
Outra razão porque não dou nas recolhas nos supermercados é porque os grandes beneficiários são o estado e os supermercados. O primeiro recebe em IVA, os segundos em margem nos produtos.
Quanto às IPSS que recebem fundos do estado, têm que, obviamente, ser fiscalizadas e inspeccionadas.

Anónimo disse...

Perguntar não ofende: já investigaram aqui na Madeira uma associação que à custa de cadeiras de rodas e comissões papam dinheiro a rodos? A resposta a isto está numa cadeira agora ocupada na Câmara por um bazófias cafofiano.

camacho disse...

Já contribui algumas vezes, mas logo que percebi que quem contribui é mesmo usado. Todas as pessoas á frente dessas associações ou tem objectivos políticos ou aproveitam se das associações que dirigem para o seu protagonismo social. Eles não querem que acabem os pobres, os doentes , porque senão lá vai o seu pano de meia e os seus. Que sejem investigadas todas as associações , fundações e agremiações do género e logo se verá os principais objectivos destas .

João Barreto disse...

Caríssimo e distintíssimo (com pleno direito aos superlativos) Luis Calisto
É claro que subscrevo tudo aquilo que deixou dito no seu comentário. O mesmo complementa com perfeição aquilo que queria deixar expresso. No que toca a peditórios e afins, a situação atual é efetivamente deixar de contribuir, por falta de confiança em quem dirige as instituições.
Devo dizer que muito me orgulho de ter sido, ao longo de doze anos, dirigente de uma associação integrada no voluntariado social (associação de pais). Nunca nos dedicamos, nesse tempo, à pedincha, mas todo o dinheiro que obtínhamos das quotizações dos associados era aplicado em contribuições para os alunos da escola. Nunca nos passou pela cabeça auferir qualquer remuneração pelo nosso trabalho e as eventuais deslocações ou despesas de representação eram suportadas pelos próprios sem qualquer ressarcimento da associação. Era esta a interpretação que eu e os meus colegas dirigentes dávamos às nossas tarefas de trabalho voluntário. Lamento muito que outros desprestigiem esse trabalho, prejudicando quem se dedica a essas atividades que fazem falta. Pagará o justo pelo pecador. Temos pena!

Anónimo disse...

Claramente de acordo! É rarissímo termos jornalismo de investigação pois alguns, na sua maioria, são controlados pelos maioráis. Já aqui solicitei investigações, contudo nunca foi feito.

Anónimo disse...

Neste país, o jornalismo de informação faz o trabalho que PJ e MP deveriam fazer.

Anónimo disse...

Hoje num artigo de opinião a sra. Helena Garrido escreve que o nosso atraso económico é causado pela "ausência de instituições fortes, na falta de educação e na ausência de valores".

Corroboro na integra.

Infelizmente cada vez é mais raro vermos pessoas cultas, integras, educadas e de palavra. Então na politica nem vale a pena procurar pois isso são qualidades proibidas.

E nem mesmo com estes casos as coisas melhoram.
Basta irem às redes sociais e verem a reacção dos ditos "assessores" que já andam na contra-informação para vermos os escrúpulos destas pessoas que supostamente deviam trabalhar para o bem comum da população, mas apenas estão lá para o tacho partidário.

Anónimo disse...

Um dos males do nosso país é que as elites foram afastadas, ou desinteressaram-se da política.
Na política estão uma cambada de arrivistas sem educação, preparação e cultura. Defendem apenas os seus interesses.
Vejam a mistura da politica com negócios, futebol, associações, etc.
Não é preciso dizer mais.