Quadrilha de S. Bento não se distrai com as iluminações

Políticos oferecem a si próprios

um chorudo presente de Natal

A quadrilha de São Bento preparou o assalto sigilosamente, como manda o manual das boas máfias. Pela calada da noite, os operacionais destacados para o 'grupo de assalto' acabaram com a proibição dos imorais financiamentos privados a partidos e instauraram a devolução total do IVA sobre as despesas partidárias. Quem foi que propôs a negociata para encher ainda mais o gamelão da insaciável farandolagem parlamentar e partidária? Fácil: os partidos A, B e C. Pois claro, em código. Tudo à moda mafiosa. 

Não vale a pena ir lá perguntar quem são eles. O Costa e o César apanharam otite. O Jerónimo vem com um resfriado da última reunião do CC. A Catarina anda ocupada com os homófobos e os supremacistas. O Passos Coelho diz que já não manda nada. A Heloísa é difícil de localizar. Que nos valham o CDS e o PAN, quem diria!  

Aqueles ladrões da pior espécie, porque actuam covardemente a coberto da 'democracia parlamentar', andaram a mexer na nova 'legislação' durante 9 meses, sem que alguém adivinhasse o que estava para ser parido.

Ora então temos quadrilha engravatada ou não temos?

Nada que me deixe admirado. Há muito tempo que se fala por estes lados nos mafiosos e quadrilheiros que invadiram a política para se governarem. Tanto os que a assaltaram ao primeiro cheiro de democracia, como os que andaram 40 anos arvorados em puros mancebos e a criticar os larápios da situação pós-fascismo - mas só porque aguardavam pela sua vez de abocanhar as tetas da porca da política, como diziam os republicanos da monarquia constitucional.

É vê-los aqui na Madeira. Políticos outrora auto-denominados impolutos e que rastejam hoje debaixo das patas dos oportunistas que se chegaram acima e lhes mandam umas migalhas para o lamaçal das consciências vendidas.

Enquanto, na noite de consoada, o Avô Cantigas de Belém distraía a populaça com os seus abraços e canjas aos esfarrapados da noite lisboeta, os bandidos zelavam em segredo pelo seu presente de Natal. Profissionais do crime legalizado.

Alertado para o procedimento nojento dos seus parceiros, Avô Cantigas gagueja e vai dizendo que, enfim, coisa e tal, precisa de 10 dias para ver se deve ou não vetar aquela porcaria de artigos, parágrafos e alíneas congeminadas para sugar quem trabalha honestamente.

Sinais dos tempos. A gatunagem percebeu que salteadores de estrada não têm cabimento na vida moderna. Assaltar bancos só está ao alcance de quem tem a sorte de os poder 'limpar' de dentro para fora. Pilha-galinhas não é profissão que dê para comer à grande e viajar. Então onde é que há dinheiro fresco para roubar e ainda por cima com imunidade?

Nem mais.

PS - Muito bem, 'PÚBLICO'.